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SUCESSÃO NOS EUA / RETA FINAL
Em pesquisas, Obama leva Colégio Eleitoral
Pela primeira vez democrata atinge marca de 270 votos na instância que escolhe o presidente americano, diz projeção
Senador abriu margem na Virgínia, Estado que já foi republicano e que estava indefinido; crise impulsiona candidatura oposicionista
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Pela primeira vez na corrida
à Casa Branca, o candidato democrata, Barack Obama, superou ontem o número de votos
necessários para vencer a eleição no Colégio Eleitoral, alcançando 277 deles na média de
pesquisas do site Real Clear Politics. O avanço se deu por causa
do Estado de Virgínia, onde os
levantamentos, após meses em
disputa acirrada, passaram a
apontar vantagem superior a
cinco pontos para Obama.
A eleição americana é indireta. Em 4 de novembro, há a votação popular, cujos resultados
norteiam o voto dos delegados
estaduais que escolherão o presidente no Colégio Eleitoral,
em dezembro. À exceção de
Maine e Nebraska, esses votos
ocorrem em bloco -quem vence em Virgínia, por exemplo, leva todo o "pacote" de 13 delegados do Estado. É eleito quem tiver 270 dos 538 votos.
Ontem, as pesquisas davam
ao republicano John McCain
158 votos no Colégio Eleitoral,
119 a menos do que Obama.
Ainda havia 103 votos indefinidos, correspondentes a Colorado, Nevada, Missouri, Indiana,
Ohio, Flórida, Virgínia Ocidental e Carolina do Norte. Assim,
se a eleição fosse hoje, ainda
que todos os indecisos elegessem McCain, Obama venceria.
O resultado se deve a mudanças ontem em Virgínia e Virgínia Ocidental. O primeiro deixou o grupo dos indecisos e deu
a Obama vantagem de 50% a
44,9% na média. O segundo,
com cinco votos no Colégio
Eleitoral, passou de pró-McCain para sem preferência.
Ambos votaram no republicano George W. Bush nas duas
últimas eleições. E não são os
únicos onde McCain perde terreno que, por tradição, deveria
ser seu. Em Indiana, que não
vota em um democrata há 44
anos e elegeu Bush por 21 pontos de vantagem em 2004,
McCain lidera por 2,5 pontos,
dentro da margem de erro.
Apesar da bonança, analistas
alertam para limitações nas
pesquisas, principalmente porque o voto nos EUA não é obrigatório. Além disso, há temores
de que um racismo latente prejudique Obama -no passado, já
aconteceu de quem diz em pesquisas que votará em um negro
acabar não o fazendo. "Ainda
não há sinal disso, mas raça é
um fator importante para os indecisos", diz Mark Peterson,
especialista em eleições e política dos EUA da Universidade
da Califórnia em Los Angeles.
A crise econômica deu impulso a Obama, considerado
pelos eleitores mais hábil para
enfrentá-la. Segundo a agência
de avaliação de risco Moody's,
27 dos 50 Estados americanos
já vivem oficialmente uma recessão e outros 14 estão perto.
O problema é grave em muitos dos Estados-pêndulo, sem
preferência partidária clara,
que devem definir o vencedor.
Flórida e Nevada, por exemplo,
estão entre os mais atingidos
pela crise imobiliária, e ambos
têm taxa de desemprego superior à média nacional.
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