São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / RETA FINAL

Em pesquisas, Obama leva Colégio Eleitoral

Pela primeira vez democrata atinge marca de 270 votos na instância que escolhe o presidente americano, diz projeção

Senador abriu margem na Virgínia, Estado que já foi republicano e que estava indefinido; crise impulsiona candidatura oposicionista

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Pela primeira vez na corrida à Casa Branca, o candidato democrata, Barack Obama, superou ontem o número de votos necessários para vencer a eleição no Colégio Eleitoral, alcançando 277 deles na média de pesquisas do site Real Clear Politics. O avanço se deu por causa do Estado de Virgínia, onde os levantamentos, após meses em disputa acirrada, passaram a apontar vantagem superior a cinco pontos para Obama.
A eleição americana é indireta. Em 4 de novembro, há a votação popular, cujos resultados norteiam o voto dos delegados estaduais que escolherão o presidente no Colégio Eleitoral, em dezembro. À exceção de Maine e Nebraska, esses votos ocorrem em bloco -quem vence em Virgínia, por exemplo, leva todo o "pacote" de 13 delegados do Estado. É eleito quem tiver 270 dos 538 votos.
Ontem, as pesquisas davam ao republicano John McCain 158 votos no Colégio Eleitoral, 119 a menos do que Obama. Ainda havia 103 votos indefinidos, correspondentes a Colorado, Nevada, Missouri, Indiana, Ohio, Flórida, Virgínia Ocidental e Carolina do Norte. Assim, se a eleição fosse hoje, ainda que todos os indecisos elegessem McCain, Obama venceria.
O resultado se deve a mudanças ontem em Virgínia e Virgínia Ocidental. O primeiro deixou o grupo dos indecisos e deu a Obama vantagem de 50% a 44,9% na média. O segundo, com cinco votos no Colégio Eleitoral, passou de pró-McCain para sem preferência.
Ambos votaram no republicano George W. Bush nas duas últimas eleições. E não são os únicos onde McCain perde terreno que, por tradição, deveria ser seu. Em Indiana, que não vota em um democrata há 44 anos e elegeu Bush por 21 pontos de vantagem em 2004, McCain lidera por 2,5 pontos, dentro da margem de erro.
Apesar da bonança, analistas alertam para limitações nas pesquisas, principalmente porque o voto nos EUA não é obrigatório. Além disso, há temores de que um racismo latente prejudique Obama -no passado, já aconteceu de quem diz em pesquisas que votará em um negro acabar não o fazendo. "Ainda não há sinal disso, mas raça é um fator importante para os indecisos", diz Mark Peterson, especialista em eleições e política dos EUA da Universidade da Califórnia em Los Angeles.
A crise econômica deu impulso a Obama, considerado pelos eleitores mais hábil para enfrentá-la. Segundo a agência de avaliação de risco Moody's, 27 dos 50 Estados americanos já vivem oficialmente uma recessão e outros 14 estão perto.
O problema é grave em muitos dos Estados-pêndulo, sem preferência partidária clara, que devem definir o vencedor. Flórida e Nevada, por exemplo, estão entre os mais atingidos pela crise imobiliária, e ambos têm taxa de desemprego superior à média nacional.


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