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Por precaução, calmante é descartado
Trabalhadores precisam estar alertas para operação de içamento, enquanto suas famílias aguardam ansiosas
Os 33 homens terão de fazer jejum de 8 horas antes da subida, para suportar o estresse no resgate dessa semana
DA ENVIADA A COPIAPÓ
"Jimmy está uma pilha.
Ele está muito ansioso. E nós,
mais ainda", disse Norma Lagues, mãe de Jimmy Sánchez, 19, o mais jovem entre
os 33 operários presos na mina San José, no deserto de
Atacama, norte do Chile.
Mas já está descartada a
hipótese de ministrar aos homens prestes a reconquistar
suas vidas algum miligrama
de ansiolítico.
De acordo com o ministro
da Saúde, Jaime Mañalich,
"eles precisam estar absolutamente alertas na hora do
resgate", para que possam
ajudar na subida da cápsula,
inclusive desenganchando-a
de eventuais arestas que surjam no caminho.
Os mineiros também serão
obrigados a fazer um jejum
de oito horas antes de entrar
na cápsula -mesma providência usada em situações
pré-cirúrgicas- por causa do
imenso estresse pelo qual
passarão no período de
transporte até a superfície.
A finalização do túnel para
o resgate, ontem, só fez aumentar a ansiedade no acampamento Esperanza, na entrada da San José.
Em visita à mina, a mulher
do presidente Sebastián Piñera, Cecilia Morel, disse que
estava lá para ajudar os familiares a se acalmar.
"Técnicas muito simples
de respiração podem retirar
as energias negativas, as raivas, as emoções", teorizou a
primeira-dama chilena.
Não faltam motivos para
tanta ansiedade: enterrados
vivos no desabamento da
San José, a 700 metros de
profundidade, os mineiros
passaram 18 dias desaparecidos no meio da montanha,
repartindo restos de restos de
pêssego e atum entre todos.
Em média, cada um emagreceu 10 kg. Chegaram a ser
dados por mortos.
Quando foram encontrados, tiveram de se sujeitar a
uma rotina férrea, imposta
por psicólogos e técnicos das
Nasa (a agência espacial norte-americana) especializados
em sobrevivência em condições extremas.
Tinham horários de vigília
e de sono determinados, divisão de tarefas, obrigação de
um máximo de vivências em
grupo, exercícios físicos
compulsórios etc.
Agora, quando se preparam para sair, o governo já
permitiu que enviem para a
superfície algumas pequenas lembranças do período
sob a terra.
Mas não cabe nada além
do próprio corpo do mineiro
dentro da cápsula de resgate
(uma gaiola a ser baixada e
içada por guindaste).
"RECUERDOS"
Assim, os canos que têm
levado até os mineiros água,
alimentos e gêneros de primeira necessidade agora trazem para cima as cartas que
os parentes lhes enviaram,
os diários que eles escreveram no cativeiro, pequenas
porções do solo do fundo da
mina, cada um monta seu kit
de "recuerdo".
Vaidosos, muitos dos homens têm pedido que seus familiares lhes enviem roupas
novas, para que saiam da terra bonitos.
Obrigatório para todos serão os óculos escuros, que
eles terão de usar depois de
meses passados em um ambiente de penumbra.
Segundo o ministro Mañalich, o governo colocará à
disposição dos 33 mineiros
apoio psicológico por pelo
menos seis meses.
(LAURA CAPRIGLIONE)
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