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Crise não vai travar corte de impostos, diz assessor
Chefe-de-gabinete de Obama afirma que reduzir tributos da classe média é prioridade
Equipe democrata, porém, avalia que projetos terão de continuar no papel por causa do agravamento da situação econômica do país
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Com uma crise econômica
que continua a se aprofundar,
analistas e políticos estão sendo forçados a avaliar quais propostas do presidente eleito dos
EUA, Barack Obama, terão de ir
para a geladeira quando ele tomar posse, em 20 de janeiro.
Mas o corte de impostos para a
classe média, pilar fundamental da campanha do democrata,
aparentemente não terá esse
destino.
Quem garante é Rahm Emanuel, apontado como chefe-de-gabinete do governo Obama.
Em sua primeira entrevista
após ser indicado ao posto,
Emanuel afirmou à rede ABC
ontem que o plano econômico
do democrata, mesmo "na conjuntura atual, está baseado em
dar a 95% dos trabalhadores
um corte de impostos".
"Para termos uma recuperação forte e sustentável, a classe
média deve ser o foco da estratégia econômica", disse.
Emanuel também tentou
dispersar as crescentes dúvidas
sobre a viabilidade das propostas de investimentos do governo Obama frente à expectativa
de déficit orçamentário. Segundo ele, Obama vê a situação financeira como "oportunidade
histórica para apresentar os investimentos de larga escala que
os democratas vêm prometendo há anos".
Para o próximo chefe-de-gabinete, abordar a crise não implica em adiamentos nos planos de reforma para os setores
de energia, saúde e educação,
que estariam vivendo suas próprias crises.
Dúvidas
Apesar das garantias, há dúvidas sobre a possibilidade de
implantar a proposta inicial de
Obama de cortes de impostos.
A idéia era dar a cada trabalhador um corte de US$ 500, ou
US$ 1.000 por casal de trabalhadores nos EUA, o que afetaria cerca de 150 milhões de pessoas. Mas, desde a elaboração
do plano, o déficit governamental americano aumentou
exponencialmente.
O déficit já alcançou US$ 455
bilhões para o ano fiscal encerrado em 30 de setembro e deverá dobrar para o próximo ano
devido aos gastos com o resgate
financeiro de Wall Street (de
US$ 700 bilhões até agora) e à
diminuição do crescimento
econômico com a recessão que
se avizinha.
As propostas para o sistema
de saúde, a educação, o aquecimento global e a independência energética também estão
em xeque.
Desde antes da eleição, conselheiros de Obama se dividiam
entre uma abordagem pragmática (e lenta) ou mais agressiva,
agindo em diversas frentes ao
mesmo tempo. Agora, muitos
democratas pendem para uma
solução híbrida, que permita
um plano econômico ambicioso, envolvendo outras partes da
plataforma governamental,
mas adiando alguns objetivos
maiores.
A idéia é usar áreas menos
custosas para demostrar atitude rápida, enquanto objetivos
de larga escala seriam desacelerados. Um exemplo seria a proposta para a saúde. Em vez de
apresentar um plano mais universal para atender os 50 milhões de americanos que não
possuem seguro-saúde, o presidente eleito pode começar expandindo seguros governamentais para crianças, algo
aprovado pelo Congresso, mas
vetado por Bush.
As propostas para a educação
devem enfrentar problemas
ainda maiores. O plano de campanha destacava US$ 8 bilhões
para melhorar o plano de Bush
conhecido como "Nenhuma
Criança Deixada para Trás"
("No Child Left Behind"), além
de créditos individuais de US$
4.000 para taxas universitárias
e US$ 10 bilhões para expandir
programas infantis. Para analistas, porém, não há como financiar tais propostas em meio
a uma crise como a atual.
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