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Homem da mala afirma que Kirchner prometeu proteção
Para isso, ele não poderia revelar origem de dinheiro
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
O empresário americano-venezuelano Guido Antonini Wilson, protagonista do "caso da
mala" -suspeita de financiamento ilegal, pelo governo Hugo Chávez, da Venezuela, da
campanha da presidente da Argentina, Cristina Kirchner-
envolveu ontem o ex-presidente argentino Néstor Kirchner
(2003-2007) no episódio.
Wilson foi detido com uma
mala com US$ 800 mil no aeroporto de Buenos Aires em agosto do ano passado, em plena
campanha eleitoral. Chegava
de Caracas, em vôo fretado com
funcionários dos governos argentino e venezuelano.
Em entrevista ao jornal "La
Nación", a primeira para a imprensa argentina, Wilson afirmou ter ouvido do funcionário
kirchnerista Cláudio Uberti,
responsável pelo fretamento
do vôo, que o então presidente
Kirchner iria "bancá-lo até a
morte" caso não revelasse a origem e o destino do dinheiro.
Segundo Wilson, a mala era
de Uberti, e os recursos, da petroleira estatal venezuelana
PDVSA. Após assumir a posse
do dinheiro na Argentina, o
empresário voltou aos EUA e
passou a colaborar com o FBI
em investigação aberta contra
venezuelanos encarregados de
pressioná-lo a abafar o caso.
A apuração se converteu em
processo, e na semana passada
a Justiça americana considerou o empresário venezuelano
Franklin Durán culpado da
acusação de atuar, sem autorização, como agente do governo
Chávez nos EUA. Dos outros
quatro acusados no processo,
três se declararam culpados e
um está foragido.
Ao "La Nación" Wilson afirmou que as declarações sobre
"bancá-lo" foram feitas por
Kirchner, e não pelo ministro
de Planejamento (tanto no governo Kirchner quanto no governo Cristina), Julio de Vido,
superior imediato de Uberti,
como havia dito em gravações
feitas pelo FBI. Disse ainda que
Uberti lhe oferecera uma licença para exportar carne.
"Peça o que quiser. O presidente [Kirchner] me disse que
pode ter uma licença de carne",
afirmou o funcionário, segundo
Wilson. Em declarações anteriores, o empresário já dissera
ter estado na Casa Rosada dias
após o episódio, em uma recepção de Kirchner a Chávez.
Uberti, demitido após o caso,
nega a versão de Wilson. O governo da Argentina e o ex-presidente Kirchner não comentaram a entrevista ontem. Durante a semana, o ministro da
Justiça argentino, Aníbal Fernández, classificou Wilson como "mequetrefe pago para dizer qualquer coisa".
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