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Bush ignora Lula, elogia Uribe e ataca Chávez em livro
Ex-presidente dos EUA lança obra em que justifica a tortura e defende "chutar o traseiro" de autores do 11/9
Autor diz ter sido o responsável por elevar status do G20 e afirma que ajudou Brasil a se tornar líder regional
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Lançado ontem, o livro de
memórias do ex-presidente
dos EUA George W. Bush
(2001-2009) ignora Luiz Inácio Lula da Silva e mal menciona o Brasil, mas elogia em
profusão o ex-líder colombiano Álvaro Uribe.
O Brasil não aparece nem
no índice remissivo de "Decision Points" (Momentos Decisivos), lançado ontem.
O país é citado em dois momentos. Primeiro quando
Bush diz que, com apoio
americano, "democracias
multiétnicas de Índia e Indonésia a Brasil e Chile se tornaram líderes regionais".
Depois quando o ex-presidente assume crédito pela
elevação do status do G20
durante a crise econômica,
afirmando que decidiu reunir "Brasil [...] e outras economias dinâmicas".
Uribe tem quatro menções
elogiosas -a Colômbia é o
principal parceiro americano
na América do Sul. Já o venezuelano Hugo Chávez é chamado de "ditador" e criticado pelo "populismo falso".
O livro é uma tentativa de
Bush de reescrever a história
-ou ao menos dar seu lado
dela- e defender um legado
marcado pelo 11 de Setembro, pela aprovação à tortura
e por duas guerras.
TORTURA
Mas a admissão de que
aprovou a simulação de afogamento em suspeitos de terrorismo reavivou críticas.
Ele escreve que a prática
evitou atentados no Reino
Unido. Sobre o suspeito de
terrorismo Abu Zubaydah,
submetido à simulação de
afogamento ao menos 183 vezes, declara:
"Sua compreensão do islã
era a de que ele tinha que resistir ao interrogatório só até
certo ponto. A simulação de
afogamento era a técnica que
permitiria que ele chegasse
nesse limite, cumprisse sua
obrigação religiosa e então
cooperasse".
O republicano lembra
também do choque com os
ataques terroristas contra as
Torres Gêmeas.
"Minha mente clareou: o
primeiro avião poderia ser
um acidente. O segundo foi
definitivamente um ataque.
O terceiro, declaração de
guerra. Meu sangue fervia.
Íamos achar os responsáveis
e chutar seus traseiros."
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