São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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EUA
Para jurados, governo teve participação na morte de líder negro
Júri conclui que conspiração matou Martin Luther King Jr.

Associated Press
O ativista negro norte-americano Martin Luther King Jr., morto em 68


MALU GASPAR
de Nova York

Um júri do Estado de Tennessee, no sul dos EUA, concluiu anteontem à noite que o assassinato de Martin Luther King Jr. foi uma conspiração, da qual participaram inclusive agências governamentais norte-americanas.
O reverendo Martin Luther King foi o mais importante líder do movimento pelos direitos civis no país, na década de 60. Ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1964. Em abril de 68, ele foi morto na cidade de Memphis, no Tennessee, onde participaria de uma manifestação.
Até hoje, a versão oficial sobre o crime era de que o único culpado pela morte de King foi James Earl Ray. Fugitivo de uma prisão de uma prisão em Missouri, Ray confessou o crime antes de ser julgado, em 69, e foi condenado a 99 anos de prisão. Em seguida, desfez a confissão e passou a alegar inocência. Morreu ano passado, sem conseguir ser libertado.
Só em 1993, Loyd Jowers, dono de uma lanchonete que ficava em frente ao motel onde King foi assassinado, admitiu numa entrevista à TV ter contratado um policial para o crime, a pedido de um mafioso.
Desde então, a família de Martin Luther King Jr. vem buscando mudar a história de seu assassinato. Com a decisão de ontem, que também prevê uma indenização simbólica de US$ 100, os King dizem que encerram o caso. "Essa é a nossa prova. O que mais podemos fazer? Agora sentimos que estamos preparados para continuar nossas vidas", disse a viúva Coretta Scot King à TV CNN.
A decisão dos jurados de Memphis, no entanto, coloca Lowers como membro da conspiração, sem apontar outros nomes ou agências governamentais que também teriam participado.
Segundo William Pepper, que já foi advogado de James Ray e agora representa a família King, o assassinato teria tido a participação da CIA, do FBI e do Exército norte-americano, mas as evidencias teriam sido rapidamente encobertas.
"É uma desgraça que tenhamos tido que chegar ao ponto de conseguir tudo isso com nossos próprios esforços, sem que o governo tenha tomado a iniciativa de continuar no caso", afirmou o advogado.
Uma nova investigação sobre o crime está em curso há um ano e meio no Departamento de Justiça dos EUA. Mas o procurador responsável pelo caso afirmou ontem que é pouco provável que a Justiça conclua por alguma acusação criminal.


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