São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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Governador é unanimidade em rejeição pelos mexicanos

DO ENVIADO A OAXACA

É difícil encontrar em Oaxaca alguém que defenda a permanência do governador Ulises Ruiz, 48, no cargo -da direita à esquerda, da Igreja Católica ao Congresso nacional, todos já disseram que a crise no Estado só diminuirá com a sua renúncia. Mas ele já disse que não pensa em renunciar.
Governador desde 2004, ex-deputado e senador que não teve atuação destacada no Congresso, Ruiz se tornou uma figura importante na maquinária do PRI, o partido que governou o México ininterruptamente entre 1929 e 2000 e que governa Oaxaca há 77 anos.
Colegas do PRI o descrevem como um "mapache", título dos operadores políticos que garantiam vitórias ao estilo PRI. No jargão mexicano, são os que sabem "engravidar urnas" (fazer os cem votos de uma urna virarem mil, por exemplo).
Ao ajudar a eleger governadores de seu partido em Estados poderosos, Ruiz tem defensores em altos cargos do país, atuando nos bastidores. Em Oaxaca, controla a Prefeitura da capital, a Justiça e a Assembléia Legislativa.
O presidente Felipe Calderón, que tomou posse no último dia 1º, ainda não fez nenhuma declaração sobre Ruiz - para muitos analistas políticos, talvez seja o preço para conseguir o apoio do PRI no Congresso.
Enquanto a capital do Estado era tomada por protestos, Ruiz foi morar na Cidade do México.
Mesmo sendo um "especialista em vitórias", ele ganhou por apenas dois pontos percentuais em 2004, contra uma coligação que unia o PAN de Calderón, o PRD e todos os outros partidos. Acusado de fraude, inventou uma maneira discutível para fugir dos protestos que se seguiram à sua vitória: instalou a sede do governo em um quartel policial a 30 minutos da capital e transferiu a Assembléia Legislativa, para a qual foi construída uma nova sede no meio de um enorme milharal.
Mas entre julho e outubro, seus refúgios foram invadidos e ocupados pela APPO. (RJL)


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