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MÍDIA
Murdoch exala otimismo sobre jornal no século 21
Megaempresário da mídia acha que nunca houve tanta sede por informação de qualidade
Dono da News Corporation destoa de clima pessimista
na imprensa mundial e crê que tecnologia abre novas possibilidades aos jornais
DA REDAÇÃO
Em meio a declínio na circulação, queda no volume de
anúncios e cortes de postos de
trabalho nos principais jornais
dos EUA e da Europa, uma voz
de respeito se ergue contra as
previsões catastrofistas que
vêem o jornal com os dias contados: a do magnata das comunicações Rupert Murdoch, 77,
acionista majoritário e executivo-chefe da News Corporation,
um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.
Em uma palestra dada no
mês passado para uma série da
rádio australiana ABC, chamada "Uma Era Dourada para a
Liberdade", Murdoch diz enxergar a nova era tecnológica
como uma oportunidade, e não
uma ameaça, para os jornais
tradicionais.
"É verdade que nas próximas
décadas as versões impressas
de alguns jornais vão perder
circulação. Mas, se os jornais
derem aos leitores informações
confiáveis, veremos ganhos na
circulação [em outras mídias]",
aposta Murdoch.
Para o empresário, os leitores atuais querem a mesma coisa que os leitores do passado:
uma fonte na qual podem confiar. "Foi sempre esse o papel
dos grandes jornais no passado.
E esse papel fará os jornais serem grandes no futuro."
O otimismo do empresário
destoa do cenário nebuloso que
enfrenta hoje a mídia nos países desenvolvidos. A circulação
dos jornais nos EUA sofre uma
queda acelerada -entre abril e
setembro, recuou 4,6% em relação aos seis meses anteriores.
Além de perderem circulação, os jornais assistem à fuga
dos anunciantes. Em 2007, a
receita publicitária das versões
impressas dos jornais americanos recuou 9,4%.
A queda da circulação e a perda de anunciantes acarretam
corte de pessoal para tentar
equilibrar os custos -o que
acaba tornando mais difícil para os jornais manter a qualidade do produto.
Tudo isso já vinha ocorrendo
antes mesmo do acirramento,
nos últimos meses, da crise
econômica global. Com ele, a situação tende a se deteriorar, e a
primeira demonstração disso
foi o pedido de concordata feito
pelo grupo Tribune, que edita
dois dos maiores jornais dos
EUA, o "Chicago Tribune" e o
"Los Angeles Times".
Murdoch vem sendo menos
afetado pela crise. O seu "Wall
Street Journal" tem a segunda
maior tiragem nos EUA, e, ao
contrário dos concorrentes,
não sofreu queda na circulação
nos últimos meses. O "Times"
de Londres, cujas vendas vinham caindo, inverteu o sentido com o abandono de seu formato tradicional e a opção por
um tamanho menor.
Na palestra do mês passado,
cuja íntegra a Folha publica
a seguir, Murdoch aposta alto
no futuro do seu negócio: "Diferentemente dos que vislumbram o fim do mundo, eu acredito que os jornais vão alcançar
novas alturas".
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