São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Irã soltou Sakineh, afirmam ativistas

Informação não foi confirmada de forma independente; ela havia sido condenada à morte por apedrejamento

Governo iraniano não se pronunciou sobre o assunto; imagens que seriam dela e de seu filho surgem na TV

Press TV/France Presse
Imagem da TV estatal iraniana mostra reencontro de pessoas identificadas como Sakineh, condenada à morte por apedrejamento, e o filho dela, Sajjad

GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

Um grupo de ONGs ligadas à ativista iraniana Mina Ahadi disse ontem que foi libertada Sakineh Ashtiani, 43, que aguardava desde 2006 a execução por apedrejamento pelo crime de adultério.
O governo do país persa ontem não emitiu declarações sobre o tema.
De acordo com Ahadi, além de Sakineh, foram soltos o filho dela, Sajjad, o seu advogado, Houtan Kian, e dois repórteres do diário alemão "Bild". Eles foram presos em outubro passado durante uma entrevista, no escritório de Kian, em Tabriz, onde fica a prisão.
"É o dia mais feliz da minha vida", afirmou Ahadi em entrevista ao diário britânico "Guardian".
"Estou feliz pelo filho dela, que lutou sozinho e bravamente, no Irã, para defender a mãe e dizer que ela era inocente", completou.
Em contato com a Folha, horas mais tarde, uma das assessoras de Ahadi disse que as notícias "ainda não estavam confirmadas".
Do exílio na cidade de Colônia, na Alemanha, a ativista, membro do banido Partido Comunista do país, atua como uma espécie de porta-voz dos familiares da presa, sendo responsável até por contratar seus advogados.
Foi graças à ativista que o caso de Sakineh alcançou a agenda da mídia mundial.
Ela atraiu a atenção por meio de um abaixo-assinado on-line que recebeu a assinatura de várias celebridades, inclusive brasileiras.
Nenhuma fonte que monitora o caso de Sakineh, incluindo organizações de defesa de direitos humanos internacionais, como a Anistia, e governos, como o da França, foram capazes de confirmar a soltura de Sakineh.
Mas, para os ativistas, toda a confirmação veio nas fotos -sem data- em que pessoas identificadas como Sakineh e Sajjad aparecem em sua casa, na cidade de Osqu.
O vídeo foi ao ar no canal estatal em inglês do país, o Press TV, no horário nobre. Na madrugada de amanhã, deverão ser exibidas outras reportagens de Sakineh.
Mesmo se confirmada a libertação, ainda será preciso esclarecer se ela será permanente e o que acontecerá com o processo que condenou Sakineh à morte. O caso está há meses na Suprema Corte do país, onde passa por revisão.
Não há informação do motivo pelo qual o Irã teria concedido as libertações.
Foi ao menos a quarta vez que Teerã usou a TV oficial para se pronunciar sobre o caso. A primeira aconteceu em agosto, quando Sakineh apareceu concedendo uma entrevista dentro da prisão.

BRASIL
Procurado pela Folha, o assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, afirmou que, se a soltura for confirmada, será um "grande resultado".
"Demonstra concretamente que toda a mobilização feita discretamente teve seus resultados. [...] Esperamos que esse processo prossiga. Acho que revela a sensibilidade do governo iraniano."
Garcia reiterou que a participação brasileira no diálogo foi "intensa", mas se recusou a assumir o crédito. "Eu acho que é um acontecimento suficientemente grande para nós querermos nos apropriar dele individualmente."


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