São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Chávez promete "socialismo ou morte"

Em posse, venezuelano parafrasea lema cubano e anuncia reforma constitucional que lhe permitirá reeleição sem limites

Presidente diz que dará a vida pelo socialismo; jura por Jesus, "o maior socialista da história", e diz que bispo "vai para inferno"


Presidência da Venezuela/Associated Press
Hugo Chávez acena a simpatizantes em carro aberto, enquanto se dirige à Assembléia Nacional para a posse do terceiro mandato

DA REDAÇÃO

Em seu discurso de posse para o terceiro mandato, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que entregará sua vida para a "construção do socialismo", que a Assembléia Nacional aprovará a reeleição ilimitada e reafirmou seu plano de estatizar empresas de energia e telecomunicações.
Ele também anunciou que o Congresso aprovará uma ampla reforma constitucional e aprovará a Lei Habilitadora, que lhe permitirá governar por decretos. O novo mandato, o segundo após a nova Constituição de 2000, vai até 2013.
Chávez jurou "por Cristo, o maior socialista da história", e bradou, como seu aliado, o ditador cubano Fidel Castro: "Pátria, socialismo ou morte".
"A igualdade não é possível com o capitalismo, só com o socialismo. Aqui chegou a hora do fim dos privilégios e das desigualdades. Ninguém irá deter o carro da revolução socialista na Venezuela", disse.
O discurso despertou muita expectativa, depois que ele anunciou na segunda-feira um plano de estatizações de empresas energéticas e de telecomunicações, incluída a maior companhia telefônica do país, a Cantv. As medidas foram questionadas por autoridades do primeiro escalão do governo americano e provocaram uma queda da Bolsa de Caracas de 18,66% na terça-feira.
Chávez minimizou a queda da Bolsa. "A Bolsa de Caracas pode cair, o que não cai é a economia venezuelana, mais pujante que nunca", discursou.
O presidente também anunciou controle total sobre projetos de exploração do gás natural e projeto para acabar com a autonomia do Banco Central.
A presidente da Assembléia Nacional, Cilia Flores, anunciou que o Parlamento outorgará poderes especiais a Chávez para que ele possa governar por decreto em determinadas matérias. A Lei Habilitadora, prevista na atual Constituição, será "uma lei das leis, já que a presidente da Assembléia Nacional anunciou a aprovação da minha solicitação", anunciou o presidente venezuelano.
O presidente nomeou Cilia Flores como coordenadora de uma reforma "profunda" da Constituição. A Assembléia Nacional é composta integralmente por aliados de Chávez.
Para "denunciar o sistema eleitoral venezuelano", a oposição boicotou as eleições legislativas de 2005 e não elegeu nenhum deputado.
O presidente defendeu as reformas com o argumento de que na Constituição atual, redigida em 1999 por uma Constituinte convocada por Chávez e aprovada em referendo, "ficaram infiltradas muitas falhas da velha ordem".
Um dos itens dessa reforma é a reeleição sem limite de vezes. Mas ele prometeu convocar um plebiscito para aprovar as mudanças. "Se for rejeitada pelo povo, eu serei o primeiro a aplaudir", prometeu.
Ao receber a faixa presidencial, Chávez disse que gostaria de recebê-la mais uma vez, em 2013, para um quarto mandato, até 2021. O venezuelano foi reeleito no dia 3 de dezembro com 63% dos votos.
Como parte da posse, Chávez colocou uma oferenda floral no mausoléu de Simón Bolívar, herói da independência venezuelana, e participou de desfile militar, que terminou com o vôo de caças russos recém-comprados pela Venezuela
"A revolução na Venezuela é pacífica, mas não está desprovida de armas. Esta é uma revolução armada, aqui estão as armas da revolução, que são as armas do povo", discursou.

Para o inferno
Quanto às críticas que a Igreja Católica fez ao anunciado fechamento de um canal privado de televisão, que não terá a concessão renovada, Chávez disse que a "igreja tem que respeitar o Estado".
E respondeu a um de seus maiores críticos, o bispo Roberto Lücker. "Ele não irá ao céu, vai para o inferno. É um oligarca, que atropela o chefe de Estado. Que Deus o perdoe, ele não sabe o que faz."
Ao final do desfile, Chávez partiu para a Nicarágua, onde assistiria à posse do presidente Daniel Ortega, e deve anunciar hoje um pacote de ajuda ao país centro-americano.


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