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Chávez promete "socialismo ou morte"
Em posse, venezuelano parafrasea lema cubano e anuncia reforma constitucional que lhe permitirá reeleição sem limites
Presidente diz que dará a vida pelo socialismo; jura por Jesus, "o maior socialista da história", e diz que bispo "vai para inferno"
Presidência da Venezuela/Associated Press
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Hugo Chávez acena a simpatizantes em carro aberto, enquanto se dirige à Assembléia Nacional para a posse do terceiro mandato
DA REDAÇÃO
Em seu discurso de posse para o terceiro mandato, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que entregará sua vida para a "construção do socialismo", que a Assembléia Nacional aprovará a reeleição ilimitada e reafirmou seu plano
de estatizar empresas de energia e telecomunicações.
Ele também anunciou que o
Congresso aprovará uma ampla reforma constitucional e
aprovará a Lei Habilitadora,
que lhe permitirá governar por
decretos. O novo mandato, o
segundo após a nova Constituição de 2000, vai até 2013.
Chávez jurou "por Cristo, o
maior socialista da história", e
bradou, como seu aliado, o ditador cubano Fidel Castro: "Pátria, socialismo ou morte".
"A igualdade não é possível
com o capitalismo, só com o socialismo. Aqui chegou a hora do
fim dos privilégios e das desigualdades. Ninguém irá deter o
carro da revolução socialista na
Venezuela", disse.
O discurso despertou muita
expectativa, depois que ele
anunciou na segunda-feira um
plano de estatizações de empresas energéticas e de telecomunicações, incluída a maior
companhia telefônica do país, a
Cantv. As medidas foram questionadas por autoridades do
primeiro escalão do governo
americano e provocaram uma
queda da Bolsa de Caracas de
18,66% na terça-feira.
Chávez minimizou a queda
da Bolsa. "A Bolsa de Caracas
pode cair, o que não cai é a economia venezuelana, mais pujante que nunca", discursou.
O presidente também anunciou controle total sobre projetos de exploração do gás natural e projeto para acabar com a
autonomia do Banco Central.
A presidente da Assembléia
Nacional, Cilia Flores, anunciou que o Parlamento outorgará poderes especiais a Chávez para que ele possa governar
por decreto em determinadas
matérias. A Lei Habilitadora,
prevista na atual Constituição,
será "uma lei das leis, já que a
presidente da Assembléia Nacional anunciou a aprovação da
minha solicitação", anunciou o
presidente venezuelano.
O presidente nomeou Cilia
Flores como coordenadora de
uma reforma "profunda" da
Constituição. A Assembléia
Nacional é composta integralmente por aliados de Chávez.
Para "denunciar o sistema
eleitoral venezuelano", a oposição boicotou as eleições legislativas de 2005 e não elegeu nenhum deputado.
O presidente defendeu as reformas com o argumento de
que na Constituição atual, redigida em 1999 por uma Constituinte convocada por Chávez e
aprovada em referendo, "ficaram infiltradas muitas falhas
da velha ordem".
Um dos itens dessa reforma é
a reeleição sem limite de vezes.
Mas ele prometeu convocar um
plebiscito para aprovar as mudanças. "Se for rejeitada pelo
povo, eu serei o primeiro a
aplaudir", prometeu.
Ao receber a faixa presidencial, Chávez disse que gostaria
de recebê-la mais uma vez, em
2013, para um quarto mandato,
até 2021. O venezuelano foi
reeleito no dia 3 de dezembro
com 63% dos votos.
Como parte da posse, Chávez
colocou uma oferenda floral no
mausoléu de Simón Bolívar,
herói da independência venezuelana, e participou de desfile
militar, que terminou com o
vôo de caças russos recém-comprados pela Venezuela
"A revolução na Venezuela é
pacífica, mas não está desprovida de armas. Esta é uma revolução armada, aqui estão as armas da revolução, que são as armas do povo", discursou.
Para o inferno
Quanto às críticas que a Igreja Católica fez ao anunciado fechamento de um canal privado
de televisão, que não terá a concessão renovada, Chávez disse
que a "igreja tem que respeitar
o Estado".
E respondeu a um de seus
maiores críticos, o bispo Roberto Lücker. "Ele não irá ao
céu, vai para o inferno. É um
oligarca, que atropela o chefe
de Estado. Que Deus o perdoe,
ele não sabe o que faz."
Ao final do desfile, Chávez
partiu para a Nicarágua, onde
assistiria à posse do presidente
Daniel Ortega, e deve anunciar
hoje um pacote de ajuda ao país
centro-americano.
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