DA REUTERS

Israel "é uma realidade" e não dá para negar que "continuará a existir" como Estado, disse ontem em Damasco Khaled Meshal, um dos mais poderosos dirigentes do grupo islâmico Hamas.
Sua entrevista à Reuters não significa que o Hamas passou a reconhecer a existência de Israel -um dos pontos do litígio entre o grupo, que controla o governo da Autoridade Nacional Palestina, e os Estados Unidos e a União Européia.
O problema, disse Meshal, não é a existência de Israel, mas o malogro da tentativa de estabelecer um Estado palestino. O reconhecimento formal de Israel pelo Hamas, disse ele, só ocorrerá quando o Estado palestino for formalmente instituído.
O jornal israelense "Haaretz" comenta que outros dirigentes do Hamas já sinalizaram considerar Israel como uma realidade inegável. Mas é a primeira vez que a posição é exposta pelo líder do grupo exilado na Síria.
E foi também a primeira vez que um dirigente do Hamas levantou a possibilidade de reconhecimento de Israel no futuro. Até agora, a posição oficial do grupo islâmico era a de que o Estado palestino englobaria toda a região -inclusive o atual território israelense-, uma posição irrealista, já que Israel é indestrutível, em razão de seu peso militar e sua aliança com os Estados Unidos.
"O futuro distante trará suas próprias circunstâncias que determinarão nossas posições", disse ele. A seu ver, concessões feitas no passado pelos palestinos não tiveram uma contrapartida de Israel. Em razão disso, serão "duras" as negociações que precederão o processo de reconhecimento dos israelenses.
Meshal disse ainda que o Hamas não se curvará às pressões ocidentais -que se traduziram pela suspensão do envio de fundos, depois que seu grupo chegou ao poder- até que Israel reconheça o Estado Palestino.


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