São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Soltura fortalece "terceira via" para drama de reféns

Para analista colombiano, episódio favorece posição de Álvaro Uribe na negociação

Solução intermediária, apresentada por países europeus, prevê a retirada parcial e temporária de dois municípios colombianos

DA REDAÇÃO

A libertação das reféns Clara Rojas e Consuelo González pode abrir a possibilidade de que se chegue a uma solução intermediária, entre as posições do governo e da guerrilha, para a soltura dos seqüestrados em poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). E isso, apesar de o governo Álvaro Uribe ter saído do episódio com imagem no exterior e em casa boa o suficiente para "impor" sua proposta para o chamado "intercâmbio humanitário", que prevê a troca de reféns por guerrilheiros presos.
Essa avaliação é do analista político colombiano Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia e ex-assessor de Segurança Nacional (1998-2002).
As Farc exigem como pré-condição para início das negociações a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera, uma área equivalente a quase 200 km2, que passaria a ser controlada militarmente pela guerrilha. Já o governo aceita uma "zona de encontro" sem presença armada nem da guerrilha e nem do Estado.
"Essa libertação demonstra que não é absolutamente indispensável realizar a desmilitarização de uma zona para libertar os seqüestrados, e que isso pode ser feito de maneira expedita com a simples intervenção da Cruz Vermelha internacional e a boa vontade da guerrilha das Farc", afirmou Rangel. Além disso, disse, "com esse episódio, o governo colombiano ratifica sua vontade de facilitar a entrega dos seqüestrados, o que é conveniente para o presidente."
Para o analista, as Farc, apesar de também melhorarem sua imagem no episódio, não vão conseguir reverter a deterioração provocada pela fracassada Operação Emmanuel -quando se descobriu que o menino nascido em cativeiro, filho de Clara Rojas, já não estava em seu poder, mas sob os cuidados do Estado.
"Mas me parece que, no fim do dia, poderia vingar uma proposta intermediária entre as exigências das Farc e a oferta do governo colombiano."
Essa proposta intermediária poderia ser a apresentada por França, Espanha e Suíça, países que em 2005 tentaram mediar uma aproximação entre Farc e governo. Ela prevê a desocupação temporária de apenas uma fração desse território. "Essa proposta foi aceita pelo governo colombiano e não foi rejeitada em nenhum momento pela guerrilha", afirmou Rangel.


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