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Soltura fortalece "terceira via" para drama de reféns
Para analista colombiano, episódio favorece posição de Álvaro Uribe na negociação
Solução intermediária, apresentada por países europeus, prevê a retirada parcial e temporária de dois municípios colombianos
DA REDAÇÃO
A libertação das reféns Clara
Rojas e Consuelo González pode abrir a possibilidade de que
se chegue a uma solução intermediária, entre as posições do
governo e da guerrilha, para a
soltura dos seqüestrados em
poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). E isso, apesar de o governo
Álvaro Uribe ter saído do episódio com imagem no exterior e
em casa boa o suficiente para
"impor" sua proposta para o
chamado "intercâmbio humanitário", que prevê a troca de
reféns por guerrilheiros presos.
Essa avaliação é do analista
político colombiano Alfredo
Rangel, diretor da Fundação
Segurança e Democracia e ex-assessor de Segurança Nacional (1998-2002).
As Farc exigem como pré-condição para início das negociações a desmilitarização dos
municípios de Florida e Pradera, uma área equivalente a quase 200 km2, que passaria a ser
controlada militarmente pela
guerrilha. Já o governo aceita
uma "zona de encontro" sem
presença armada nem da guerrilha e nem do Estado.
"Essa libertação demonstra
que não é absolutamente indispensável realizar a desmilitarização de uma zona para libertar os seqüestrados, e que isso
pode ser feito de maneira expedita com a simples intervenção
da Cruz Vermelha internacional e a boa vontade da guerrilha
das Farc", afirmou Rangel.
Além disso, disse, "com esse
episódio, o governo colombiano ratifica sua vontade de facilitar a entrega dos seqüestrados, o que é conveniente para o
presidente."
Para o analista, as Farc, apesar de também melhorarem
sua imagem no episódio, não
vão conseguir reverter a deterioração provocada pela fracassada Operação Emmanuel
-quando se descobriu que o
menino nascido em cativeiro,
filho de Clara Rojas, já não estava em seu poder, mas sob os
cuidados do Estado.
"Mas me parece que, no fim
do dia, poderia vingar uma proposta intermediária entre as
exigências das Farc e a oferta
do governo colombiano."
Essa proposta intermediária
poderia ser a apresentada por
França, Espanha e Suíça, países que em 2005 tentaram mediar uma aproximação entre
Farc e governo. Ela prevê a desocupação temporária de apenas uma fração desse território. "Essa proposta foi aceita
pelo governo colombiano e não
foi rejeitada em nenhum momento pela guerrilha", afirmou
Rangel.
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