São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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Europa investiga formação de rede anarquista de terror

Movimentos de diversos países se unificam em grupo que envia bombas a embaixadas

GINA MARQUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ROMA

A onda de cartas-bomba enviadas a diversas embaixadas europeias nos últimos meses tirou da obscuridade a Federação Anárquica Informal (FAI), um movimento anarquista italiano que possui ramificações na Grécia e na Espanha.
A reivindicação de atentados recentes na capital italiana foi assinada por um grupo componente da FAI, o Célula Revolucionária Lambros Fountas -nome de um anarquista do grupo grego Luta Revolucionária (EA), morto pela polícia em março do ano passado.
Stefano Dambruso, magistrado especialista em terrorismo, diz que o anarquismo insurrecionista adquiriu "transnacionalidade" e pode ser considerado terrorismo internacional.
"Existem contatos entre anarquistas de Itália, Grécia e Espanha desde o início dos anos 90. Na época da reunião do G8 [sete países mais ricos do mundo e Rússia] de 2001, em Gênova, tiveram meios de se estruturar mais e se associar a grupos do norte da Europa e países como Suíça e Alemanha."
A maioria dos grupos anárquicos segue ideologias de filósofos do século 19. Ao longo da história, a anarquia nunca foi uma doutrina politicamente uniforme e linear.
Embora sejam considerados politicamente como de extrema-esquerda, há contrastes entre os movimentos anarquistas europeus.
Alguns defendem a luta armada, outros a repudiam. Muitos são ligados à ideologia comunista e poucos consideram o marxismo como uma forma de opressão. Mas todos compartilham a defesa da abolição do Estado.

PERFIL
O terrorismo de extrema-esquerda é acompanhado de perto pela Europol, a polícia da União Europeia.
Relatório de 2010 indica que ataques aumentaram 43% em 2009, na comparação com o ano anterior, e mais do que duplicaram em relação a 2007.
Segundo analistas, a crise econômica na UE pode tornar os anarquistas mais organizados e violentos.
"Anarquistas-insurrecionistas trabalham para aumentar o nível de confrontos onde há problemas", disse o criminologista Marco Boschi, professor da Universidade de Florença.
Boschi traça o perfil dos membros desses grupos. Geralmente, vêm de famílias com pais separados e rendimento baixo.
A idade vai de 22 a 27 anos. A maioria vem de centros urbanos e é de sexo masculino, mas a participação das mulheres está aumentando. Muitos são desempregados ou "alérgicos ao trabalho".
Segundo o criminologista, é difícil para a polícia desmantelar um movimento anárquico-insurrecionista, pois a segurança de seus membros é garantida pelo não contato entre os indivíduos e grupos, o que impossibilita qualquer infiltração.


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