São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2000


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TERRORISMO
Sequestradores do Boeing-727 da Ariana soltaram os reféns e se entregaram à polícia britânica
Termina sequestro e 75 pedem asilo

Associated Press
Menino que estava entre os reféns do avião afegão acena enquanto é transportado para uma área dentro do aeroporto de Stansted



FÁBIO ZANINI
de Londres

Terminou ontem de madrugada, de forma pacífica, o sequestro do Boeing-727 da empresa aérea afegã Ariana, que estava sendo mantido em poder de terroristas no aeroporto de Stansted, em Londres.
Após quatro dias de negociação com a polícia britânica, os seis sequestradores aceitaram libertar os 151 reféns, que foram soltos em dois grupos, às 3h20 e 6h (1h20 e 4h, horários de Brasília).
Após a libertação dos passageiros, a polícia prendeu 21 pessoas que estavam dentro do avião (dentre os quais os próprios sequestradores), suspeitas de terem alguma conexão com o caso.
É uma indicação de que a polícia suspeita que o sequestro, na verdade, foi um complô dos terroristas e de parte dos passageiros para conseguir asilo político.
O Afeganistão é um dos maiores "exportadores" de refugiados para o Reino Unido, em razão da tensa situação política no país.
O território é controlado pela milícia Taleban, defensora da formação de um Estado islâmico.
O fim do sequestro começou a se desenhar por volta das 3h, horário britânico (1h em Brasília), quando dois homens desceram do avião para negociar pessoalmente com policiais. Até aquele momento, os contatos eram feitos via telefone celular, com ajuda de um intérprete.
Havia o temor de que o sequestro fosse se arrastar, principalmente após as tensas negociações de anteontem. Os sequestradores demonstravam irritação com a fuga de quatro tripulantes, incluindo o piloto, que escaparam por uma saída de emergência da cabine na noite de terça-feira.
Mas, pouco depois das negociações face a face, um primeiro grupo de 86 passageiros desceu calmamente as escadas do avião. Menos de três horas depois, os outros 51 foram libertados.
Todas as pessoas a bordo foram levadas pela polícia para hotéis e delegacias da região, onde estavam sendo interrogadas. Pelo menos 75 pediram asilo político.
O sequestro começou no domingo, quando o avião, que ia de Cabul, capital afegã, para a cidade de Mazar-i-Sharif, no norte do país, foi desviado pelos terroristas, armados com pistolas e granadas.
Ele fez escalas no Uzbequistão, Cazaquistão e Rússia, antes de rumar para Londres.
A polícia suspeita que uma festa de casamento em Mazar-i-Sharif, para onde estaria indo um grupo de 20 passageiros, seria também uma farsa.
Apesar das evidências do caráter "amador" do sequestro, a polícia considera que o ato foi praticado por terroristas perigosos.
"Quando você encontra cinco facas, quatro pistolas, dois detonadores e duas granadas em poder de um grupo de pessoas, é claro que se trata de uma situação extremamente ameaçadora", afirmou David Stevens, que comandou as negociações.


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