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IRAQUE NA MIRA
França, Alemanha e Bélgica, opostas a uma ação contra Bagdá, bloqueiam plano de ajuda defensiva à Turquia
Paris e Berlim vetam pedido dos EUA à Otan
DA REDAÇÃO
França, Alemanha e Bélgica
bloquearam ontem pedidos dos
EUA na Otan para que a Turquia
seja defendida em caso de um
conflito no Iraque. Disseram que
enviar mais mísseis e equipamento militar à região seria aceitar a
"lógica da guerra", minando os
esforços diplomáticos na ONU
para conseguir o desarmamento
de Bagdá pela via pacífica.
A medida abre uma das mais
graves crises da história da aliança
militar ocidental, formada em
1949 para fazer frente ao bloco soviético na Guerra Fria e que enfrenta incertezas sobre seu papel
no novo cenário geopolítico.
O desacordo expõe ainda a disposição de alguns países europeus
de se opor aos EUA na tentativa
de evitar a guerra. O eixo franco-alemão, que ontem ganhou a adesão de Moscou,
lidera a resistência aos preparativos bélicos dos EUA e do Reino
Unido. Exigem mais tempo para
que os inspetores da ONU desarmem o Iraque. Os EUA disseram
que esses países estão colocando
em risco a credibilidade da Otan.
E prometem agir em defesa da
Turquia sem ajuda dos integrantes da aliança ocidental se isso se
fizer necessário.
A decisão de Paris, Berlim e
Bruxelas levou a Turquia a invocar pela primeira vez na história o
artigo 4º do estatuto da Otan, que
obriga discussões sempre que um
país-membro acredite estar sob
ameaça. Os representantes dos 19
membros da Otan se reuniram
numa sessão emergencial para
discutir a questão, mas não solucionaram o impasse. Novos debates estão previstos para hoje.
"Lamentavelmente ainda não
conseguimos chegar a um consenso", disse ontem o secretário-geral da aliança, George Robertson, que afirmou que as discussões haviam sido acaloradas e admitiu a gravidade da situação.
A Turquia faz fronteira com o
Iraque e teme ser alvo de bombardeios retaliatórios no caso de uma
guerra. Os EUA pedem desde dezembro à Otan que autorize o envio de mísseis antimíssil Patriot e
aviões de monitoramento aéreo
ao país -medida postergada pelos países contrários à guerra.
A Turquia ainda não definiu se
permitirá que os EUA utilizem
seu território num eventual conflito, mas Ancara sinaliza que sim.
Seu Parlamento já autorizou soldados dos EUA a reformar bases.
E líderes do governo têm se pronunciado favoravelmente à idéia
de aderir à coalizão que Washington tenta constituir para a guerra.
Caso Paris, Berlim e Bruxelas sigam irredutíveis, a Turquia poderia assinar acordos bilaterais de cooperação com os EUA ou com
outros países dispostos a ajudá-la.
Diplomatas consideram essa alternativa prejudicial à Otan, uma
vez que seu papel como órgão de
defesa coletiva ficaria esvaziado.
"A credibilidade da Otan é o que
está em jogo", declarou o embaixador dos EUA na Otan, Nicholas
Burns. "Os aliados têm a obrigação fundamental defender um
aliado que pediu assistência significativa." Especialistas dizem que
seria preciso cerca de um mês para o transporte dos equipamentos
ao país. Como os EUA têm enviado dezenas de milhares de soldados ao golfo, os turcos têm pressa.
Com agências internacionais
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