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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003
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IRAQUE NA MIRA Em nota conjunta, França, Alemanha e Rússia afirmam que desarmamento iraquiano pode ser feito sem confronto Moscou se une a Paris e Berlim contra guerra
DA REDAÇÃO França, Rússia e Alemanha emitiram ontem um comunicado conjunto no qual pediram "a continuação e o fortalecimento" das inspeções de armamentos feitas pela ONU no Iraque, como parte de uma iniciativa diplomática para tentar desarmar o ditador Saddam Hussein sem uma guerra. O comunicado foi lido pelo presidente francês, Jacques Chirac, numa entrevista coletiva ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, após um encontro entre os dois em Paris. Chirac afirmou que o acesso do Iraque a armas de destruição em massa deve ser neutralizado o mais rápido possível, mas que o recurso da guerra para atingir esse objetivo deve ser considerado apenas em último caso. "Nada justifica uma guerra hoje", disse. A posição francesa, assim como a da Alemanha, reflete a opinião pública desses países, majoritariamente contrária a uma ação militar contra o Iraque. "Rússia, Alemanha e França estão a favor de buscar inspeções com um fortalecimento substancial de capacidade técnica e humana de todas as formas e em ligação com os inspetores, dentro dos limites da resolução 1441", diz a declaração conjunta. A declaração não especificou como seria o fortalecimento das inspeções. A resolução 1441, aprovada pelo CS (Conselho de Segurança) da ONU em novembro, adverte o Iraque sobre "graves consequências" se não cooperar com os inspetores de armas da ONU e não prover informações precisas sobre seus programas de armas. Os EUA, que acusam o Iraque de desenvolver armas de destruição em massa e de colaborar com grupos terroristas, querem que o CS aprove uma nova resolução para permitir uma ação militar, mas já advertiram que poderão agir mesmo sem esse aval. O Reino Unido, principal aliado dos EUA, estuda apresentar uma proposta de resolução após o dia 14, quando os inspetores da ONU apresentarão seus relatórios. França e Rússia são membros permanentes do CS da ONU, com poder de veto -os demais são EUA, Reino Unido e China. Uma eventual decisão desses países de exercer o direito de veto em relação a uma resolução para permitir um ataque militar ao Iraque poderia estremecer ainda mais as relações entre os países. As divergências de França e Alemanha em relação à política americana para o Iraque já levaram o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, a chamar os dois países de "velha Europa". A declaração conjunta divulgada ontem afirma que o debate sobre as formas de conseguir o desarmamento iraquiano "deve continuar com o espírito de amizade e respeito que caracterizam as relações [dos três países] com os EUA e com outros países". Putin, que chegou ontem à França após ter encontrado o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, durante o fim de semana, em Berlim, disse que a Rússia acredita que a crise possa ser resolvida diplomaticamente. "Nós somos contra a guerra", disse Putin. "Até o momento, essa é a visão que eu tenho." Putin disse que a aviação russa poderia auxiliar a missão dos inspetores da ONU no Iraque. "De acordo com a resolução 1441, podemos usar recursos técnicos. Em caso de necessidade, a Rússia está disposta a oferecê-los, especialmente a aviação", disse. Chirac afirmou que ainda há muito espaço de manobra dentro da resolução, acrescentando que ainda não viu "provas irrefutáveis" de que o Iraque mantém programas de armas banidas. Chirac disse que os três países estão prontos para implementar as disposições da resolução 1441. Segundo ele, isso não incluiria o envio de tropas de paz da ONU -no fim de semana, a revista alemã "Der Spiegel" disse que tal ação faria parte de um plano franco-alemão para evitar a guerra. O plano foi confirmado por Berlim. O sueco Hans Blix, chefe dos inspetores de armas da ONU, disse ontem não ver necessidade do envio de tropas de paz para proteger os inspetores. Com agências internacionais Texto Anterior: "Decepcionado", Bush diz que veto é "miopia" Próximo Texto: Frases Índice |
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