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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Presidente do Congresso oferece renúncia

Senado paraguaio vota hoje pedido de impeachment do presidente

DA REDAÇÃO

O presidente do Congresso paraguaio, Juan Carlos Galaverna, afirmou ontem que aceita renunciar ao seu cargo se o Senado aprovar hoje o pedido de impeachment do presidente da República, Luis González Macchi.
O nome de Galaverna, primeiro na linha sucessória de Macchi, enfrenta fortes resistências entre os líderes políticos paraguaios, o que muitos analistas políticos apontavam como um fator a favor da absolvição do presidente.
O pedido de impeachment, aprovado em dezembro na Câmara dos Deputados, deve ser votado hoje de manhã pelo Senado. González Macchi é acusado de corrupção e mau desempenho das funções.
Segundo Galaverna, que pertence à mesma agremiação política (Partido Colorado) que o presidente, sua renúncia permitiria ao Congresso escolher um substituto para o presidente entre outros cinco nomes. Para aprovar o impeachment, são necessários os votos de pelo menos 30 dos 44 senadores. Galaverna disse que há mais que os 30 votos necessários para o afastamento.
No último fim de semana, teriam crescido as articulações políticas para absolver o presidente, cujo mandato termina oficialmente no dia 15 de agosto. González Macchi já declarou, porém, que aceita entregar o posto logo após as eleições presidenciais de 27 de abril, o que indicaria uma possível tentativa de acordo para evitar sua destituição.
Um dos principais articuladores em favor da absolvição de González Macchi é o presidente do Partido Colorado, Nicanor Duarte Frutos, candidato à Presidência. Vários senadores declararam o voto contra o impeachment após se encontrar com ele.
Apesar de ser um desafeto do presidente e de ter feito declarações contrárias a ele, Duarte Frutos teria agido por temer um desgaste à sua candidatura se algum membro de seu grupo político -como Galaverna- assumisse o poder faltando menos de três meses para a eleição.
O presidente é acusado, entre outras coisas, pelo uso de um BMW roubado no Brasil, pelo desvio de US$ 16 milhões de dois bancos em liquidação para uma conta no exterior de uma fundação presidida por sua irmã e pelo espancamento de dois membros do partido esquerdista Patria Libre, em janeiro do ano passado.
Osvaldo Bergonzi, advogado de defesa de González Macchi, nega sua responsabilidade nos casos e diz que uma eventual aprovação do impeachment poderia provocar "um absurdo jurídico" se a Justiça o absolver mais tarde.
"Até agora os acusadores não apresentaram uma única prova que comprometa o presidente", afirmou Bergonzi à Folha.
Analistas políticos paraguaios consideram pouco provável a destituição de Macchi, por causa do curto espaço de tempo até a eleição presidencial, o que poderia trazer mais prejuízos do que vantagens para seus adversários.


Com agências internacionais


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