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Artigo
EUA são o único caminho para a paz
GIDEON RACHMAN
DO "FINANCIAL TIMES"
Ninguém parece esperar que muita coisa mude
como resultado da eleição
em Israel. Os políticos israelenses gostam de falar
sobre ameaças "existenciais" ao seu país, mas continuam a evitar escolhas
existenciais sobre o futuro
de Israel.
Quem quer que esteja à
procura de algo capaz de
romper o sangrento impasse entre Israel e os palestinos teria de observar o
cenário para além da política israelense. E a melhor
esperança, por mais modesta que seja, está no governo Obama.
Qualquer governo que
venha a emergir da eleição
penderá para a direita.
Qualquer novo premiê
que tome medidas controvertidas sobre, por exemplo, as colônias israelenses
na Cisjordânia, veria um
desmantelamento rápido
de sua coalizão.
O próximo governo israelense, se agir sem interferência externa, provavelmente optará por manter as coisas como estão
com os palestinos -ocupação continuada da Cisjordânia, negociações de
paz apenas simbólicas e
uso da força militar contra
ataques com foguetes ou
bombas. A busca de uma
solução de longo prazo será deixada de lado, com o
argumento de que os palestinos estão divididos.
Ainda que a direita israelense venha tentando
manter polidez sobre o
novo presidente americano, não resta dúvida de
que Obama é suspeito aos
seus olhos. A direita teme
que ele venha a se provar
muito mais simpático aos
palestinos do que George
W. Bush foi.
Quaisquer que sejam as
crenças de Obama sobre a
disputa entre israelenses e
palestinos, já está claro
que o novo presidente a
encara como prioridade.
Seu enviado ao Oriente
Médio, George Mitchell,
foi o autor de um relatório,
em 2001, que assumia postura dura quanto à suspensão da instalação de
colônias israelenses nos
territórios palestinos.
Os israelenses estão
preocupados com a perspectiva de pressão americana. Mas, caso o governo
Obama exerça pressão
muito mais intensa sobre
Israel por um acordo de
paz com os palestinos, na
verdade estaria fazendo
um favor ao país.
Pois a maior ameaça
existencial a Israel não é o
Irã ou o Hamas, mas sim a
perspectiva de que os judeus venham a ser superados em número pelos árabes no território de Israel
e da Palestina. A escolha
existencial envolve três
opções: dois Estados; um
Estado sem maioria judaica; ou um Estado não democrático em que Israel
seria uma potência de ocupação permanente sobre
uma Palestina desprovida
do direito ao voto, violenta
e anárquica.
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