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ELEIÇÃO NOS EUA
Milionários usam brecha legal e ajudam democratas ao custear campanha de TV que critica o presidente
Poderosos financiam anúncios anti-Bush
DA REDAÇÃO
Um grupo de políticos, entidades e publicitários, reconhecidos
por suas afinidades com o Partido
Democrata, iniciou ontem em 17
Estados norte-americanos a difusão, ao custo de US$ 5 milhões, de
inserções publicitárias em emissoras de rádio e TV com críticas
ao presidente George W. Bush.
A iniciativa é ilegal, argumenta
o Partido Republicano, porque os
fundos arrecadados para essa
campanha beneficiam diretamente o virtual candidato democrata, John Kerry, sem que eles estejam sob o controle da Comissão
Federal Eleitoral.
A comissão deverá se pronunciar sobre a legalidade dessa forma de propaganda. Enquanto ela
não o fizer, dizem especialistas,
haverá um limbo jurídico do qual
os democratas deverão se beneficiar.
A vantagem é republicana
quando se trata de fundos já arrecadados. Para a reeleição de Bush,
e depois de uma primeira campanha de anúncios na mídia eletrônica, restam ainda em caixa US$
100 milhões, quantia que voltará
com certeza a crescer até as eleições de novembro.
Mas esse dinheiro está submetido a formas de controle e a valores
máximos de doação. Segundo a
lei eleitoral, uma pessoa física pode doar no máximo US$ 25 mil
por ano a um partido e US$ 2.000
para determinado candidato.
Os valores que indiretamente
beneficiam Kerry são bem maiores. Segundo o "Washington
Post", o megainvestidor George
Soros, por meio de entidades criadas para a arrecadação de fundos,
está entrando, só para os atuais
anúncios, com US$ 6,5 milhões.
Por sua vez, o site da Joint Victory Campaign 2004, que arrecada fundos em benefício dos democratas, revela que a família
Pritzker, que controla a cadeia de
hotéis Hyatt, deu US$ 4 milhões.
"Trata-se de uma estupenda
violação da lei", disse Tom Josefiak, conselheiro de Bush.
O "New York Times" diz que
dois dos grupos próximos dos democratas já teriam arrecadado ou
obtido a promessa de algo em torno de US$ 70 milhões. Eles teriam
procurado, com isso, compensar
a desvantagem de seus caixas, que
até agora captavam um décimo
do que era obtido por seus adversários republicanos.
A rigor, dizem especialistas, só
haveria ilegalidade flagrante caso
as campanhas ontem desencadeadas tivessem vínculos diretos
com aspirantes fortes à candidatura democrata ou com a própria
direção daquele partido.
"Estamos muito cautelosos para
que não haja o mínimo risco de
confundir o comitê de campanha
[de Kerry] ou do partido com os
anúncios publicitários", diz um
dos responsáveis, Jim Jordan.
O mutirão para se contrapor aos
fundos eleitorais de Bush está em
mãos de especialistas que não cometeriam erros primários.
Um desses especialistas é Harold Ickes, que trabalhou na Casa
Branca no governo Bill Clinton
(1993-2001). Ele coordena o Media Fund, que tem como único
doador o Joint Victory Campaign
2004, que é por sua vez uma organização que congrega dezenas de
entidades menores e lobbies de
minorias ou de interesses liberais.
Segundo ele, tenta-se "politicamente sublinhar e pôr em evidência as políticas públicas dos republicanos". Embora aceite o fato de
que a operação favorece Kerry em
detrimento de Bush, ele diz que o
objetivo da campanha não é
apoiar ou tentar derrotar candidatos, mas sim, por enquanto,
"levantar problemas".
Além de Ickes, há nomes como
Ellen Malcolm, que lidera um
lobby pela preservação do direito
ao aborto, ou Steve Rosenthal, ex-diretor da maior central sindical
norte-americana, a AFL-CIO.
Há ainda o MoveOn.org, nascido para defender Clinton quando
conservadores tentaram seu impeachment no caso Mônica Lewinsky, a estagiária da Casa Branca com quem o então presidente
teve um relacionamento.
O MoveOn cresceu em definitivo como entidade horizontalizada, baseada em e-mails e sites,
com a organização, há pouco
mais de um ano, de manifestações
contra a Guerra no Iraque.
Seu site divulga a lista das 153
empresas ou pessoas que doaram
US$ 1.000 ou mais para a atual
campanha contra Bush. Aparecem, com quantias relativamente
modestas, a Microsoft, a Time
Warner, as universidades Stanford e Harvard, a Viacom e o portal de internet Yahoo!.
Um último grupo de arrecadação é o ACT (America Coming
Together), financiado por Soros,
pela Joint Victory Campaign e por
uma série de fundações e empresas, como os assessores filantrópicos da família Rockfeller ou a BellSouth, uma das telefônicas.
A campanha favorável aos democratas privilegia Estados em
que Bush estaria fragilizado, como Florida, Ohio, Arizona e Nevada. Os partidários do atual presidente gastaram recentemente
US$ 11 milhões em anúncios nesses mesmos Estados.
Com agências internacionais
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