São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2004 |
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COLÔMBIA Relatório afirma que crescem acusações de prisões arbitrárias; governo diz que entidade não percebe a situação do país Uribe desrespeita direitos humanos, diz ONU
DA REDAÇÃO A ONU afirmou ontem que os direitos humanos não têm sido respeitados na Colômbia, acrescentando que medidas precisam ser tomadas para mudar a situação no país. A Colômbia disse que a crítica feita pela entidade está equivocada. O anúncio foi feito em mais um dia de violência no país. O Exército matou 20 pessoas em episódios separados ontem contra a guerrilha terrorista e marxista Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e contra paramilitares de direita. No seu relatório anual sobre a Colômbia, o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU informa que têm crescido as acusações de detenções arbitrárias e ligações entre autoridades governamentais e integrantes de grupos paramilitares de direita. O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, tem autorizado prisões em massa para combater os guerrilheiros e enviou ao Congresso um projeto de lei, aprovado em dezembro, dando poderes para as Forças Armadas realizarem ataques e prisões, além de grampear telefones, sem necessidade de autorização judicial. O maior objetivo manifesto do governo é combater as guerrilhas como as Farc e o ELN (Exército de Libertação Nacional), dois grupos envolvidos com o tráfico de drogas e responsáveis pela morte de milhares de pessoas. "A situação dos direitos humanos continua crítica", disse a ONU no comunicado, acrescentando que a Colômbia deu apenas passos limitados em direção às recomendações feitas pela entidade no relatório do ano passado. As críticas duras de grupos de direitos humanos e da própria ONU geram dificuldades para a Colômbia conseguir ajuda financeira da Europa -necessária, segundo o governo, para combater a pobreza, o tráfico de drogas e as guerrilhas. Os EUA, maiores apoiadores da ofensiva de Uribe, também podem rever sua ajuda por causa das críticas. O relatório ressaltou que os assassinatos, os ataques contra civis e os seqüestros diminuíram após o governo enviar militares e policiais a partes do país que estavam nas mãos dos grupos armados, o que deu grande popularidade a Uribe. "No entanto a aplicação dessa política é incompatível com os compromissos da Colômbia com a proteção e as garantias dos direitos humanos internacionais", afirmou a ONU. O relatório também condenou os grupos armados, afirmando que eles continuam ferindo os direitos humanos ao cometer homicídios e seqüestros, recrutar menores e plantar minas terrestres. No mais violento enfrentamento com rebeldes ontem, o Exército colombiano disse que matou nove membros das Farc em Zetaquira, a 130 km de Bogotá. Outros três membros das Farc morreram em outros enfrentamentos com militares colombianos. Já oito paramilitares foram mortos pelo Exército em Ginebra, a 270 km de Bogotá. Prisão O fugitivo líder paramilitar colombiano Carlos Castaño foi condenado a 38 anos de prisão pela morte do mais popular humorista da Colômbia, Jaime Garzón, em 1999. O assassinato chocou a Colômbia. Castaño nega envolvimento com a morte. Com agências internacionais Texto Anterior: Eleição não afetará o Brasil, avalia Planalto Próximo Texto: Outro lado: Para o governo, relatório é injusto com país Índice |
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