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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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Vizinhos temem ser alvo de novas ações

DA REDAÇÃO

O sucesso, até agora, da ação militar liderada pelos EUA no Iraque vem aumentando a sensação nos mundos árabe e muçulmano de que ela pode ser apenas o início, e de que outros países da região estão ameaçados.
"Alguns vizinhos estão tremendo", disse Sawsan Shair, colunista do jornal "Al-Ayam", do Bahrein. "Alguém como Bashar [Assad, presidente da Síria] está trancando suas portas agora."
A transmissão pelas TVs de uma Bagdá caótica e saqueada ontem fizeram muitos muçulmanos comparar a ação militar atual com a invasão mongol de 1258 ao então grande centro cultural e científico do mundo árabe.
"Fico triste de ver Bagdá sob ocupação, porque me faz lembrar a época em que os mongóis queimaram tudo, jogaram todos os manuscritos no rio Tigre e destruíram toda a rede de irrigação", disse Adnan Abu-Odeh, que foi conselheiro do falecido rei Hussein da Jordânia.
A mesma imagem foi usada por Syafii Maarif, presidente do Muhammadiyah, segundo maior grupo islâmico indonésio. "Bush é a versão moderna de Gengis Khan", disse. "Não apoio Saddam, mas a destruição do Iraque é a destruição dos mais nobres valores humanos." Até Saddam fazia esse cotejo, chamando os EUA de "os mongóis de nossa era".
Há um sentimento também de que os árabes nunca vencem uma guerra, colecionando derrotas para potências mundiais e para os israelenses. "Como árabe, eu acho uma tragédia. Eu queria que todas as nações árabes estivessem ao lado do Iraque", afirmou Mohamad Maabreh, 28, um motorista jordaniano que trabalha próximo à fronteira com o Iraque.
Outros apontam uma fraqueza do Iraque. "Os iraquianos são hipócritas. Eles dançavam ao lado dos tanques de Saddam dias atrás e agora jogam retratos dele no lixo", afirmou o palestino Adil.
Ontem, o ministro israelense da Defesa, Shaul Mofaz, disse que os palestinos deviam entender que "o mundo é diferente agora".
"Isso tudo é um mau presságio para os países muçulmanos que estiverem contra os israelenses. Eles podem sofrer pressão econômica e militar dos EUA", disse Annuar Musa, líder do partido no poder na Malásia.


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