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Vizinhos temem ser alvo de novas ações
DA REDAÇÃO
O sucesso, até agora, da ação
militar liderada pelos EUA no Iraque vem aumentando a sensação
nos mundos árabe e muçulmano
de que ela pode ser apenas o início, e de que outros países da região estão ameaçados.
"Alguns vizinhos estão tremendo", disse Sawsan Shair, colunista
do jornal "Al-Ayam", do Bahrein.
"Alguém como Bashar [Assad,
presidente da Síria] está trancando suas portas agora."
A transmissão pelas TVs de
uma Bagdá caótica e saqueada
ontem fizeram muitos muçulmanos comparar a ação militar atual
com a invasão mongol de 1258 ao
então grande centro cultural e
científico do mundo árabe.
"Fico triste de ver Bagdá sob
ocupação, porque me faz lembrar
a época em que os mongóis queimaram tudo, jogaram todos os
manuscritos no rio Tigre e destruíram toda a rede de irrigação",
disse Adnan Abu-Odeh, que foi
conselheiro do falecido rei Hussein da Jordânia.
A mesma imagem foi usada por
Syafii Maarif, presidente do Muhammadiyah, segundo maior
grupo islâmico indonésio. "Bush
é a versão moderna de Gengis
Khan", disse. "Não apoio Saddam, mas a destruição do Iraque é
a destruição dos mais nobres valores humanos." Até Saddam fazia esse cotejo, chamando os EUA
de "os mongóis de nossa era".
Há um sentimento também de
que os árabes nunca vencem uma
guerra, colecionando derrotas para potências mundiais e para os
israelenses. "Como árabe, eu acho
uma tragédia. Eu queria que todas
as nações árabes estivessem ao lado do Iraque", afirmou Mohamad Maabreh, 28, um motorista
jordaniano que trabalha próximo
à fronteira com o Iraque.
Outros apontam uma fraqueza
do Iraque. "Os iraquianos são hipócritas. Eles dançavam ao lado
dos tanques de Saddam dias atrás
e agora jogam retratos dele no lixo", afirmou o palestino Adil.
Ontem, o ministro israelense da
Defesa, Shaul Mofaz, disse que os
palestinos deviam entender que
"o mundo é diferente agora".
"Isso tudo é um mau presságio
para os países muçulmanos que
estiverem contra os israelenses.
Eles podem sofrer pressão econômica e militar dos EUA", disse
Annuar Musa, líder do partido no
poder na Malásia.
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