São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

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MISSÃO NO CARIBE

Comandante da ONU no Haiti teme que o país retroceda

TAHIANE STOCHERO
DO AGORA

O descontentamento social e as manifestações violentas dos últimos dias no Haiti são similares à revolta em fevereiro de 2004 que culminou na queda do então presidente Jean-Bertrand Aristide, diz o comandante militar da ONU no país, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Há quatro anos, os EUA intervieram militarmente para conter a crise, passando após dois meses o controle do país à Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti). A diferença agora, diz Santos Cruz, é que há menos violência em meio à população, e as tropas internacionais -7.060 soldados, dos quais 1.200 são brasileiros- estão presentes.
Desde o início das manifestações, na última semana, cinco pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas. Ontem, a situação se apaziguou um pouco, e o comércio reabriu após três dias.
"Estamos tentando conter a violência e proteger os lugares importantes, como o Palácio Nacional, a sede da Presidência e o Parlamento, junto com a polícia nacional. A ONU está trabalhando com 100% do seu efetivo nas ruas", diz o general.
Para Santos Cruz, bandidos se aproveitam das manifestações para realizar pilhagens e insuflar a população contra a presença da ONU. "São três coisas ao mesmo tempo: manifestações pacíficas contra a situação extrema de pobreza e o aumento do custo de vida; protestos violentos; e a presença de criminosos que aproveitam a ocasião", diz o comandante. Cerca de 80% da população está desempregada e vive com menos de US$ 2 por dia.
"A solução não é militar, e sim econômica, social e política. A ONU está fazendo a sua parte, mas sem desenvolvimento e criação de empregos podemos regredir. Eu queria uma solução já, mas é algo sensível, precisamos agir com cautela", afirma.


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