São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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FRANÇA

Estratégia visa eleição de junho

Chirac quer urgência em plano de segurança

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

O presidente francês, Jacques Chirac (centro-direita), reeleito no último domingo, pediu ontem no primeiro Conselho de Ministros do novo governo que, "em dez dias", sejam definidos os "grandes eixos" de novas leis em matéria de segurança pública e repressão ao crime no país.
Chirac decidiu presidir ele próprio a próxima reunião do Conselho de Segurança Interna (CSI), a ser realizada em 15 dias. O CSI foi implantado pelo ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, que o comandou durante o seu governo, encerrado na segunda-feira.
A segurança é a prioridade máxima do presidente. Segundo pesquisas, a violência é o problema que mais preocupa os franceses. Em 2001, o número de delitos no país aumentou cerca de 8% -ultrapassando a barreira de 4 milhões de crimes. O número de homicídios, porém, caiu 0,48% -com 1.046 casos. Dos 2,5 milhões de roubos e assaltos, apenas 9 mil foram feitos à mão armada.
O superministro do Interior, da Segurança Interior e das Liberdades Locais, Nicolas Sarkozy, acompanhou anteontem ações da polícia no centro e na periferia de Paris, numa ação política de grande impacto midiático.
No tópico "violência", o Brasil virou contra-exemplo para os franceses. Segundo o jornal "Le Parisien", um conselheiro de Chirac (não identificado) teria dito que "a França não se tornará o Rio [de Janeiro"".
A referência ao Rio foi criticada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer. "Foi um comentário pouco apropriado", disse. "O problema da violência é de escala mundial e não pode ser individualizado", disse.
Chirac têm menos de um mês para mostrar aos franceses que está disposto a cumprir suas promessas de campanha, buscando assim assegurar votos para o centro-direita nas próximas eleições legislativas, em junho.
Se a esquerda ganhar as eleições, o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin (centro-direita), que assumiu na segunda-feira, terá de deixar o governo, e Chirac deverá nomear um primeiro-ministro de esquerda, restabelecendo uma nova coabitação política entre partidos divergentes na cúpula do poder francês. Caso isso ocorra, o nome mais provável da esquerda para assumir o cargo é o do secretário-geral do Partido Socialista, François Hollande.


Com agências internacionais

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