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EUA
Tido como um dos espiões que mais danos causaram ao país, Hanssen, 54, agiu para Moscou durante 20 anos, em troca de US$ 1,4 mi
Ex-agente do FBI pega perpétua por espionar
DEBORAH CHARLES
DA REUTERS, EM ALEXANDRIA
Robert Hanssen, o ex-agente do
FBI caído em desgraça que é considerado um dos espiões que mais
causaram danos na história dos
EUA, foi condenado à prisão perpétua por vender segredos americanos a Moscou durante duas décadas. Hanssen, que, no ano passado, confessou-se culpado de revelar alguns dos segredos mais
sensíveis do país em troca de US$
1,4 milhão em dinheiro vivo e diamantes, pediu desculpas ao tribunal por seu comportamento, dizendo, diante do recinto lotado,
que se envergonha do que fez.
Veterano que passou 25 anos no
FBI, Hanssen evitou a pena de
morte depois que fechou com a
Promotoria um acordo pelo qual
se comprometeu a revelar detalhes sobre seus atos como espião,
que fizeram com que pelo menos
dois agentes soviéticos da KGB
que faziam espionagem a favor
dos EUA fossem executados.
Apesar de algumas divergências
dentro do governo americano
quanto a até que ponto Hanssen
vem mantendo sua parte do trato,
a Promotoria e a defesa pediram
ao juiz Claude Hilton que sentenciasse Hanssen à prisão perpétua.
De pé no tribunal diante do juiz,
que o condenou à prisão perpétua
sem possibilidade de liberdade
condicional, o ex-especialista em
contra-inteligência falou: "Peço
desculpas por meu comportamento. Traí a confiança de muitas
pessoas. Abri a porta para que
meus filhos e minha mulher, totalmente inocentes, fossem caluniados. Feri muitas pessoas profundamente. Por tudo isso, estou
pronto para aceitar a sentença".
Nenhum membro de sua família estava no tribunal. A vida dupla de Hanssen abrangia também
seus assuntos pessoais. Pai de seis
filhos e membro devoto da Opus
Dei, facção conservadora da Igreja Católica, Hanssen, conforme
foi descoberto, deu dinheiro e um
carro a uma stripper que conheceu numa boate.
Preso em flagrante
Hanssen foi preso em fevereiro
de 2001, depois de deixar um maço de papéis sigilosos num parque
próximo à sua casa, para ser pego
por seus contatos russos.
Em julho passado, como parte
do acordo que selou com o governo, ele se confessou culpado de 15
acusações de espionagem para
Moscou. Pelo acordo fechado, ele
prometeu revelar a verdade sobre
as vendas de segredos americanos
que fazia, primeiro para a União
Soviética, durante a Guerra Fria, e
depois para a Rússia. Ele começou
a atuar como espião russo em
1979, apenas três anos depois de
tornar-se agente do FBI.
Depois de mais de 200 horas de
interrogatórios, as autoridades
estavam divididas sobre a cooperação de Hanssen. O acordo poderia ter sido declarado nulo se
fosse provado que ele não cooperou plenamente, mas os promotores decidiram que não dispunham de informações suficientes
para isso.
A Promotoria disse que a mulher de Hanssen, Bonnie, cooperou plenamente com a investigação e, sob os termos de seu acordo, tem direito a uma pensão de
sobrevivente.
Os investigadores ainda não puderam rastrear todo o dinheiro
que Hanssen recebeu de Moscou.
Parte dele foi usada para pagar
suas contas e as mensalidades das
escolas particulares católicas em
que seus filhos estudavam.
Tradução de Clara Allain
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