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Blair deixará governo em 27 de junho
Após mais de sete meses de suspense, premiê define saída; seu ministro das Finanças, Gordon Brown, deve sucedê-lo
Trabalhista deixa legado de crescimento econômico e paz na Irlanda do Norte, mas será lembrado por Guerra do Iraque e escândalos
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou ontem, após fazer suspense por
mais de sete meses, a data em
que deixará a liderança do Partido Trabalhista -e, conseqüentemente, o cargo de premiê. Num bar em Sedgefield,
distrito eleitoral pelo qual foi
eleito membro do Parlamento,
Blair anunciou a uma platéia de
cerca de 250 integrantes e simpatizantes de seu partido -conhecidos como "wiggies"- ,
que sairá no próximo dia 27 de
junho.
O premiê, que deixa a chefia
de governo após dez anos no
poder, obtidos em três vitórias
eleitorais consecutivas, afirmou ter feito "o que achava certo para o país".
"Só existe um governo, desde
1945, que pode afirmar [ter
promovido] mais empregos
(...), melhor saúde e educação,
menos criminalidade e crescimento econômico constante; é
este", gabou-se o premiê.
Apesar de o governo de Blair
ter deixado o retrospecto positivo de um crescimento econômico maior do que a média dos
países da União Européia e um
índice de desemprego de 5,5%
(o menor entre as cinco maiores economias do continente),
sua popularidade foi muito prejudicada recentemente, pela
participação do Reino Unido na
Guerra do Iraque. Contaram
também para sua impopularidade escândalos de corrupção
entre os trabalhistas. Desde
2005 seu índice de aprovação
não supera os 40%.
"Eu decidi que tínhamos de
ficar ao lado de nosso mais antigo aliado [os EUA], e eu fiz isso
porque acredito nisso", declarou Blair sobre o empenho britânico na campanha no Iraque.
Entre o legado positivo de
Blair está também o processo
de paz na Irlanda do Norte, que
nesta semana levou ao poder
um governo de união entre protestantes e católicos.
Pesquisa de opinião publicada ontem no jornal "Independent" revela que 60% dos eleitores ouvidos crêem que Blair
será lembrado por um governo
de mudanças, mas só 44%
acham que elas foram boas.
Sucessor
Com a renúncia de Blair, o
Partido Trabalhista elegerá um
novo líder, que será também o
novo premiê. Na verdade, como
o processo já vinha sendo gestado entre os wiggies há algum
tempo, o nome do futuro premiê é dado como certo: Gordon
Brown, atual ministro das Finanças. Tanto Blair como
Brown foram responsáveis pelo reerguimento do Partido
Trabalhista, em 1997, após 18
anos de governo do Partido
Conservador. No governo, tiveram várias divergências.
Casado e pai de dois filhos,
Gordon Brown, 56, é considerado dono de um intelecto privilegiado: entrou na universidade aos 16 anos de idade.
Sua primeira medida nos dez
anos das Finanças foi dar independência ao Banco da Inglaterra. Defensor da não-adoção
do euro quando da entrada do
Reino Unido na União Européia, Brown chegou a brigar
com Blair por isso.
O Partido Trabalhista deve
anunciar uma conferência para
24 de junho, quando será revelado o nome do novo premiê.
Blair deve ir hoje à França
reunir-se com o presidente
Jacques Chirac e com Sarkozy.
Com agências internacionais
NA INTERNET - Leia o discurso de
Tony Blair
www.folha.com.br/071305
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