São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Blair deixará governo em 27 de junho

Após mais de sete meses de suspense, premiê define saída; seu ministro das Finanças, Gordon Brown, deve sucedê-lo

Trabalhista deixa legado de crescimento econômico e paz na Irlanda do Norte, mas será lembrado por Guerra do Iraque e escândalos

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou ontem, após fazer suspense por mais de sete meses, a data em que deixará a liderança do Partido Trabalhista -e, conseqüentemente, o cargo de premiê. Num bar em Sedgefield, distrito eleitoral pelo qual foi eleito membro do Parlamento, Blair anunciou a uma platéia de cerca de 250 integrantes e simpatizantes de seu partido -conhecidos como "wiggies"- , que sairá no próximo dia 27 de junho.
O premiê, que deixa a chefia de governo após dez anos no poder, obtidos em três vitórias eleitorais consecutivas, afirmou ter feito "o que achava certo para o país".
"Só existe um governo, desde 1945, que pode afirmar [ter promovido] mais empregos (...), melhor saúde e educação, menos criminalidade e crescimento econômico constante; é este", gabou-se o premiê.
Apesar de o governo de Blair ter deixado o retrospecto positivo de um crescimento econômico maior do que a média dos países da União Européia e um índice de desemprego de 5,5% (o menor entre as cinco maiores economias do continente), sua popularidade foi muito prejudicada recentemente, pela participação do Reino Unido na Guerra do Iraque. Contaram também para sua impopularidade escândalos de corrupção entre os trabalhistas. Desde 2005 seu índice de aprovação não supera os 40%.
"Eu decidi que tínhamos de ficar ao lado de nosso mais antigo aliado [os EUA], e eu fiz isso porque acredito nisso", declarou Blair sobre o empenho britânico na campanha no Iraque.
Entre o legado positivo de Blair está também o processo de paz na Irlanda do Norte, que nesta semana levou ao poder um governo de união entre protestantes e católicos.
Pesquisa de opinião publicada ontem no jornal "Independent" revela que 60% dos eleitores ouvidos crêem que Blair será lembrado por um governo de mudanças, mas só 44% acham que elas foram boas.

Sucessor
Com a renúncia de Blair, o Partido Trabalhista elegerá um novo líder, que será também o novo premiê. Na verdade, como o processo já vinha sendo gestado entre os wiggies há algum tempo, o nome do futuro premiê é dado como certo: Gordon Brown, atual ministro das Finanças. Tanto Blair como Brown foram responsáveis pelo reerguimento do Partido Trabalhista, em 1997, após 18 anos de governo do Partido Conservador. No governo, tiveram várias divergências.
Casado e pai de dois filhos, Gordon Brown, 56, é considerado dono de um intelecto privilegiado: entrou na universidade aos 16 anos de idade.
Sua primeira medida nos dez anos das Finanças foi dar independência ao Banco da Inglaterra. Defensor da não-adoção do euro quando da entrada do Reino Unido na União Européia, Brown chegou a brigar com Blair por isso.
O Partido Trabalhista deve anunciar uma conferência para 24 de junho, quando será revelado o nome do novo premiê.
Blair deve ir hoje à França reunir-se com o presidente Jacques Chirac e com Sarkozy.


Com agências internacionais
NA INTERNET - Leia o discurso de Tony Blair

www.folha.com.br/071305


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