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Bayrou lança novo partido na França
Com o Movimento Democrata, que elegeria no máximo 13 dos 577 deputados, segundo pesquisa, centro tenta se rearticular
Polarização partidária e lei
eleitoral fecham espaço ao
centro; legislativas de junho
darão pequena bancada ao
terceiro do voto presidencial
Christophe Ena/Efe
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O presidente Jacques Chirac (à dir.) e seu sucessor, Sarkozy, em ato que lembrou o fim da escravidão; eleito tomará posse dia 16 |
DA REDAÇÃO
A França testemunhou ontem uma nova tentativa de
criar um partido de centro, o
Movimento Democrata (MD),
liderado por François Bayrou,
55, terceiro colocado em abril
no primeiro turno presidencial.
Mas o MD já nasce debilitado
pela polarização política francesa e pela legislação que novamente regerá, em 10 e 17 de junho, a eleição dos 577 integrantes da Assembléia Nacional.
Bayrou, que teve 18,5% dos
votos como candidato a presidente, conta agora com apenas
6 dos 29 deputados que formavam sua bancada da UDF
(União por uma Democracia
Francesa), antiga designação
do partido. Isso porque 23 disputarão como independentes
as legislativas de junho, como
forma de se integrar à base de
sustentação do presidente eleito, Nicolas Sarkozy. É o caso de
Hervé Morin, líder da bancada
da UDF na Assembléia.
Encolhimento da bancada
Pesquisa do instituto BVA
também trouxe notícias ruins
para Bayrou. Seu novo partido
elegerá de 8 a 13 deputados; serão de 288 a 344 para a UMP
(União por um Movimento Popular), de Sarkozy, e de 158 a
200 para o Partido Socialista.
O peso do centro, de tão insignificante, o impede de ser o
fiel da balança num embate que
eventualmente divida internamente os blocos em plenário.
O sistema eleitoral é distrital,
em dois turnos. Classificam-se
para o segundo turno candidatos que tenham obtido mais de
20% dos votos. As eleições são
viabilizadas por um sistema de
desistência dentro de cada bloco, para não favorecer o bloco
adversário no distrito.
Bayrou não se julga mais da
direita. A UMP não desistirá
em favor de seus candidatos. Os
socialistas tampouco lhe darão
desistências de presente, porque não há acordo político entre centristas e esquerda.
Há também o fato de Bayrou
não ser uma sólida liderança na
política francesa. Entre os dois
turnos presidenciais ele disse
abertamente que não votaria
em Sarkozy. Mas a maior parte
de seus eleitores (40%) desaguou seus votos no hoje presidente eleito, contra 37% que
optaram pela candidata socialista, Ségolène Royal.
Depois das legislativas, o PS
deve propor aos políticos de
centro uma aliança contra Sarkozy. Mas o próprio presidente
eleito pretende incorporar dirigentes da ex-UDF em seu governo, como forma de demonstrar que não é excessivamente
conservador -já que antes do
primeiro turno seu plano bem-sucedido foi o de obter o máximo de votos da extrema direita.
Apesar da falta de espaço para crescer entre a esquerda e a
direita, a sobrevivência política
de Bayrou interessa aos dois
campos. Já de olho nas presidenciais de 2012, socialistas e
sarkozistas acreditam que esse
centro minúsculo, se vingar,
debilitaria o adversário.
Com agências internacionais
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