São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Bayrou lança novo partido na França

Com o Movimento Democrata, que elegeria no máximo 13 dos 577 deputados, segundo pesquisa, centro tenta se rearticular

Polarização partidária e lei eleitoral fecham espaço ao centro; legislativas de junho darão pequena bancada ao terceiro do voto presidencial

Christophe Ena/Efe
O presidente Jacques Chirac (à dir.) e seu sucessor, Sarkozy, em ato que lembrou o fim da escravidão; eleito tomará posse dia 16


DA REDAÇÃO

A França testemunhou ontem uma nova tentativa de criar um partido de centro, o Movimento Democrata (MD), liderado por François Bayrou, 55, terceiro colocado em abril no primeiro turno presidencial.
Mas o MD já nasce debilitado pela polarização política francesa e pela legislação que novamente regerá, em 10 e 17 de junho, a eleição dos 577 integrantes da Assembléia Nacional.
Bayrou, que teve 18,5% dos votos como candidato a presidente, conta agora com apenas 6 dos 29 deputados que formavam sua bancada da UDF (União por uma Democracia Francesa), antiga designação do partido. Isso porque 23 disputarão como independentes as legislativas de junho, como forma de se integrar à base de sustentação do presidente eleito, Nicolas Sarkozy. É o caso de Hervé Morin, líder da bancada da UDF na Assembléia.

Encolhimento da bancada
Pesquisa do instituto BVA também trouxe notícias ruins para Bayrou. Seu novo partido elegerá de 8 a 13 deputados; serão de 288 a 344 para a UMP (União por um Movimento Popular), de Sarkozy, e de 158 a 200 para o Partido Socialista.
O peso do centro, de tão insignificante, o impede de ser o fiel da balança num embate que eventualmente divida internamente os blocos em plenário.
O sistema eleitoral é distrital, em dois turnos. Classificam-se para o segundo turno candidatos que tenham obtido mais de 20% dos votos. As eleições são viabilizadas por um sistema de desistência dentro de cada bloco, para não favorecer o bloco adversário no distrito.
Bayrou não se julga mais da direita. A UMP não desistirá em favor de seus candidatos. Os socialistas tampouco lhe darão desistências de presente, porque não há acordo político entre centristas e esquerda.
Há também o fato de Bayrou não ser uma sólida liderança na política francesa. Entre os dois turnos presidenciais ele disse abertamente que não votaria em Sarkozy. Mas a maior parte de seus eleitores (40%) desaguou seus votos no hoje presidente eleito, contra 37% que optaram pela candidata socialista, Ségolène Royal.
Depois das legislativas, o PS deve propor aos políticos de centro uma aliança contra Sarkozy. Mas o próprio presidente eleito pretende incorporar dirigentes da ex-UDF em seu governo, como forma de demonstrar que não é excessivamente conservador -já que antes do primeiro turno seu plano bem-sucedido foi o de obter o máximo de votos da extrema direita.
Apesar da falta de espaço para crescer entre a esquerda e a direita, a sobrevivência política de Bayrou interessa aos dois campos. Já de olho nas presidenciais de 2012, socialistas e sarkozistas acreditam que esse centro minúsculo, se vingar, debilitaria o adversário.


Com agências internacionais


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