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SUCESSÃO NOS EUA / RUMO A NOVEMBRO
Obama ignora Hillary e abre campanha contra McCain
Mesmo sem ter sido oficialmente indicado, ele age como o candidato democrata
Além de focar seus ataques no opositor republicano, senador programa eventos em todo o país, e não apenas onde ainda haverá prévias
Mark Wilson - 08.mai.08/Getty Images-France Presse
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Obama reativa nacionalmente programa para novos eleitores |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Enquanto o comando da
campanha de Hillary Clinton
ainda planejava gastar o fim de
semana com a calculadora na
mão, contando delegados e superdelegados, o de Barack Obama passou sutilmente a mencionar menos e menos a ex-primeira-dama em suas aparições
públicas e a centrar fogo em
John McCain, virtual candidato republicano à eleição presidencial de 4 de novembro.
Ao mesmo tempo, o senador
adota iniciativas de candidato
escolhido. Com a bênção do
presidente do Partido Democrata, Howard Dean, lançou
dois projetos nacionais que
teoricamente beneficiarão
quem quer que seja o indicado
do partido da oposição para a
disputa da sucessão de George
W. Bush, mas que na prática estão sendo tocados pelo pessoal
de Obama, a partir de sua base
política, Chicago.
Um deles reproduz nacionalmente o modelo bem-sucedido
de arregimentação de voluntários, um dos diferenciais da
campanha do senador. Chama-se "Organizing Fellows" (de
sentido duplo, companheiros
organizadores ou organizando
companheiros) e começou ontem, com cem eventos nos 50
Estados americanos.
O outro é a aplicação em escala nacional do "Vote for
Change" (vote para mudar), um
dos responsáveis pelos sucessivos recordes no número de
eleitores de primeira viagem
neste ciclo eleitoral. Além disso, Obama passará a incluir em
suas paradas de campanha Estados além dos cinco que ainda
realizarão prévias -Porto Rico,
a sexta locação, é um Estado associado.
"Não vamos acordar na manhã seguinte à indicação e descobrir que estamos despreparados", disse David Plouffe,
coordenador de campanha do
senador. De acordo com declarações recentes do time, essa
manhã seguinte deve ser o dia
21 de maio, após as prévias de
Oregon e Kentucky.
Terceiro mandato
Desde quarta-feira, também,
o senador eliminou Hillary
Clinton de seu discurso. Agora
só toca no nome da senadora
quando instado por jornalistas
ou eleitores. Já as menções negativas a McCain pontuam o
novo discurso do senador como
se fossem vírgulas.
A base dos ataques são três:
caracterizar o oponente como
postulante de um terceiro
mandato de George W. Bush;
ressaltar o que o próprio republicano já definiu como sua
inexperiência econômica; e,
num ponto considerado de gosto duvidoso por muitos analistas, enfatizar a diferença de idade entre os dois -Obama tem
46 anos; aos 72 na data da posse, em 20 de janeiro de 2008,
McCain será o presidente mais
velho da história.
Já na quinta-feira Obama
disse que McCain sugerir que o
grupo extremista palestino Hamas apóia a sua democrata, como fez na TV na quarta e reforçou dois dias depois, é sinal de
que ele "está perdendo suas
maneiras", o que foi interpretado pela campanha do republicano como uma referência à
idade dele. O próprio McCain
diria, no entanto: "Eu ignorei,
não me ofendi com isso".
Na sexta, Obama voltaria à
carga dizendo que o republicano concorre "para duplicar as
políticas falidas de George
Bush", como o corte de impostos para os mais ricos e a continuidade da Guerra do Iraque.
Criticou também as chamadas "férias para o imposto da
gasolina", proposta que suspende durante o verão norte-americano um imposto federal
sobre o litro do combustível. Ao
fazer isso, não citou Hillary, co-defensora da ação e que fez dela
sua bandeira recente.
Sem sair de cena
"Não espere, no entanto, a
saída de cena da senadora", disse à Folha o analista conservador Michael Barone. Para o co-autor do anuário "American
Almanac of Politics", a ex-primeira-dama deve continuar
"agindo como se nada tivesse
acontecido ou mudado".
"Nós estamos nessa posição
incrível, em que a mídia e o
mundo já declararam nosso
candidato como o indicado,
mas ainda temos seis prévias e
uma concorrente que é formidável e uma figura de grande
importância", disse ao jornal
"Chicago Tribune" um assessor de Obama que pediu para
não ser identificado.
Depois de amanhã, a Virgínia
Ocidental realiza suas prévias.
Segundo as últimas pesquisas
de opinião, Hillary lidera com
folga no Estado. Tem 66% das
intenções de voto, ante 23% de
Obama, com margem de erro
de 4 pontos percentuais, diz o
American Research Group.
Depois daquele Estado, faltarão cinco prévias -o processo
todo termina dia 3 de junho.
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