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São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Onda de violência ameaça plano de paz; Mazen classifica ação como terrorista, e Rantissi, o alvo, promete resposta

Israel ataca líder do Hamas e mata cinco

Pedro Ugarte/France Presse
Carro de Rantissi pega fogo após ser atingido por disparos israelenses


DA REDAÇÃO

Israel tentou matar ontem Abdel Aziz Rantissi, uma das mais importantes lideranças políticas do grupo terrorista Hamas, em ataque com mísseis lançados por helicópteros Apache em Gaza. O líder extremista ficou ferido.
Pelo menos duas pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas. O grupo revidou lançando mísseis contra uma vila israelense. Em resposta, Israel lançou outros mísseis, matando ao menos três pessoas. Mais um palestino morreu, em conflito com soldados israelenses.
A ação de ontem, segundo Israel, foi uma retaliação ao ataque de domingo, realizado em conjunto por Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, que matou quatro soldados israelenses na faixa de Gaza.
A nova espiral de violência ameaça o plano de paz para o Oriente Médio, aprovado pelos premiês israelense, Ariel Sharon, e palestino, Abu Mazen, há uma semana, com a presença do presidente dos EUA, George W. Bush, em Ácaba, na Jordânia.
Outras iniciativas de paz durante a atual Intifada, iniciada em setembro de 2000, acabaram fracassando após ciclos de violência.
Mazen afirmou em entrevista para a rede de TV Al Jazeera, do Qatar, que a ação "foi um ato terrorista, que visa minar o plano de paz". "Nós pedimos ao governo americano que intervenha imediatamente para salvar o plano."
Rantissi disse do hospital que o "Hamas irá responder com um terremoto" à tentativa dos israelenses de matá-lo. "Continuaremos a nossa guerra santa até o último sionista ser expulso desta terra", acrescentou.
O líder do Hamas insultou o premiê israelense: "Esse porco do Sharon não terá segurança porque a Palestina é a terra da guerra santa." Para o Hamas, que quer a destruição de Israel e é responsável pela maioria dos atentados suicidas contra israelenses, o ataque foi uma declaração de guerra.
O braço armado do grupo afirmou que os israelenses serão alvos em qualquer parte da "terra ocupada". O médico Mahmoud Zahar, outra importante liderança do Hamas, disse que os alvos podem ser políticos de Israel.
Sharon disse que continua comprometido com o plano de paz, que prevê a criação de um Estado palestino em 2005. "Mas manteremos a luta contra os terroristas até não sobrar mais nenhum."
Raanan Gissin, porta-voz de Sharon, disse que "Rantissi é um inimigo da paz, responsável pelo ataque de domingo e pelo planejamento de outros". O ministro da Defesa israelense, Shaul Mofaz, disse que o presidente da ANP, Iasser Arafat, pode ser expulso da Cisjordânia "em um futuro próximo" se a violência continuar. Israel afirma que Arafat, afastado das negociações por exigência israelense e americana, é conivente com o terrorismo.
Rantissi afirmou que seguia para um hospital para visitar um amigo quando seu carro foi atingido. Ele abriu a porta e se jogou no chão. O carro, dirigido por Ahmad Rantissi, filho do líder do Hamas, acabou se chocando contra um muro e pegou fogo.
Após deixar o carro, o líder do Hamas foi alvejado por mais mísseis, que não o acertaram diretamente. Atingido por estilhaços, foi hospitalizado, mas seu estado não é grave. Seu filho se feriu. Pelo menos duas pessoas morreram, mas não ficou claro se estavam dentro do carro e quem eram.
Em resposta, o Hamas disparou foguetes Qassam contra Sderot, no sul de Israel, causando a internação de cinco pessoas em estado de choque. Israel, que já esperava o disparo dos foguetes palestinos, atacou um carro que levaria os autores dos disparos, também na faixa de Gaza, matando pelo menos três de seus ocupantes.
Ainda ontem Israel desmantelou dez assentamentos "ilegais" nos territórios palestinos, como prevê o novo plano de paz. A maior parte estava desabitada. Os palestinos e a comunidade internacional consideram todos os assentamentos ilegais.

Com agências internacionais


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