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São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

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EUROPA

Premiê Jean-Pierre Raffarin apresenta projeto da Previdência em meio a mais uma onda de protestos por todo o país

França pára; reforma chega à Câmara

DA REDAÇÃO

Em meio a mais um dia de protestos e greves que paralisaram parcialmente a França, o premiê Jean-Pierre Raffarin foi ontem à Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados) apresentar o projeto de lei sobre a reforma da Previdência, que, entre outras medidas, aumenta o tempo de contribuição dos funcionários públicos.
Dezenas de milhares de manifestantes marcharam em Paris e em outras cidades francesas, provocando a paralisação do transporte público pelo país e imensos engarrafamentos. Foi a terceira greve nacional em um mês.
Os sindicatos se opõem a propostas que prevêem que os trabalhadores contribuam durante mais tempo para compensar a aposentadoria em massa da geração "baby boom", nascida logo após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).
O governo, no entanto, tem argumentado que a reforma é inadiável. "Com as mudanças demográficas, há cada vez menos pessoas contribuindo para a Previdência e cada vez mais pessoas tirando dinheiro do sistema. É uma reforma necessária, todos sabem disso", disse Raffarin ontem à Câmara dos Deputados.

Batalha de hinos
"Para aqueles que estão com medo, eu digo que a nossa reforma é uma reforma de segurança nacional", disse Raffarin. O discurso fez com que os deputados que apóiam a reforma se levantassem. Alguns entoaram a "Marselhesa", o hino nacional francês. Já a oposição, que é minoria, permaneceu sentada; alguns cantaram a "Internacional Socialista". O governo espera aprovar o projeto de lei dentro de duas semanas.
Raffarin propõe que os funcionários públicos aumentem o tempo de contribuição à Previdência de 37,5 anos para 40 anos, igualando o tempo de contribuição com o do setor privado.
A greve de ontem contou com a adesão de funcionários dos correios, de empresas de telecomunicação, de hospitais, bancários, portuários e policiais, além de cerca de 20% dos professores.
Houve protestos em Paris, Marselha, Rouen e Nantes. Na capital, houve choques entre polícia e manifestantes na frente da Câmara e cerca de 60 pessoas foram presas após interromper um concerto na Ópera de Paris.
A companhia estatal das ferrovias informou que a greve paralisou cerca de 33% dos trens. Houve cerca de 300 quilômetros de engarrafamento em Paris.
As manifestações representam uma séria ameaça para o centro-direitista Raffarin. Em 1995, greves maciças abortaram a última tentativa feita por um governo conservador de mexer na Previdência e acabaram levando à sua saída do poder, dois anos depois.


Com agências internacionais


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