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Taleban executa menino de sete anos
Garoto é enforcado sob acusação de espionar para os EUA e para o governo afegão na Província de Helmand
Porta-voz do governo local diz que morte foi represália a discurso de avô da criança, que é líder tribal da região
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Um garoto de apenas sete
anos foi executado após ser
acusado por supostos membros do Taleban de ser espião
dos EUA e do governo no sul
do Afeganistão, afirmaram
ontem autoridades locais.
O crime chocou vários países e deixou expostas as dificuldades dos EUA em lidar
com o grupo radical islâmico
enquanto exortam a cooperação com populações locais.
Segundo Daoud Ahmadi,
porta-voz do governo da violenta Província de Helmand,
a execução ocorreu na terça.
O garoto foi arrastado para
fora de casa às 10h30 e enforcado em uma árvore no centro da vila em que vivia.
VINGANÇA
Poucos dias antes, seu
avô, um líder tribal, discursara elogiando o governo e formara um pequeno grupo para resistir ao Taleban. "O Taleban matou o neto por vingança", disse Ahmadi.
O grupo radical nega a
ação. Mas há crescentes relatos de uma renovada campanha de assassinatos do Taleban contra qualquer pessoa
associada ao governo.
A Otan (aliança militar ocidental), liderada pelos EUA,
vem tentando incrementar a
capacidade do governo afegão, especialmente em Províncias do sul do país.
O plano exige recrutamento de funcionários públicos
eficientes, que possam melhorar a distribuição de serviços de forma a cortar a dependência de populações locais que sobrevivem do apoio
à luta do Taleban.
O contra-ataque do grupo
visa intimidar a população
para evitar tais colaborações.
O enforcamento do garoto
não seria o primeiro ato do tipo contra suspeitos improváveis de espionagem. Há três
anos, uma mulher de 70 anos
e uma criança foram mortas
na Província pelo mesmo
motivo, segundo o porta-voz.
O presidente afegão, Hamid Karzai, afirmou em entrevista coletiva ontem que
investiga os relatos. "Não há
um crime maior que esse
nem para as forças mais desumanas da Terra", disse.
"Um menino de sete anos
não pode ser espião. Não pode ser nada a não ser um menino, e sua morte é um crime
contra a humanidade."
O premiê britânico, David
Cameron, em visita ao Afeganistão, disse que, "se confirmado, isso diz mais sobre o
Taleban que qualquer livro,
artigo ou discurso".
Apesar das críticas, a barbárie não deve minar apelos
por acordos com o Taleban.
A primeira conferência nacional de paz do Afeganistão
terminou na última sexta
com pedidos a governos internacionais por passos para
o diálogo com o grupo.
Os EUA já admitiram que o
Taleban é parte do tecido social do país e não excluem
sua participação no governo,
desde que cortem laços com
a rede Al Qaeda, deponham
armas e aceitem a Constituição afegã.
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