São Paulo, sexta, 11 de julho de 1997.



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BÓSNIA
Simo Drljaca resiste à prisão e é morto por tropa de elite britânica; outro suspeito se entrega e será julgado pela ONU
Otan mata suspeito de crime de guerra

PAULO HENRIQUE BRAGA
de Londres

Soldados britânicos da força de paz da Otan mataram ontem um sérvio da Bósnia que resistiu à prisão -ele era acusado de crimes por guerra contra croatas e muçulmanos.
O ex-chefe policial Simo Drljaca foi morto a tiros depois que soldados da SAS, a tropa de elite do Exército do Reino Unido, tentaram prendê-lo em um restaurante de Prijedor (noroeste da Bósnia).
Drljaca foi alvejado depois de atingir com um tiro na perna um soldado britânico. O militar foi levado para um hospital norte-americano na Bósnia e passa bem.
A mídia sérvia afirmou que Drljaca foi "brutalmente assassinado" enquanto comia em um restaurante. A Otan disse em comunicado que a tropa disparou contra ele para se defender.
Em outra operação realizada em Prijedor, uma unidade da SAS prendeu o diretor do hospital da cidade, Milan Kovacevic.
Ele deve ser levado a julgamento no Tribunal Internacional da ONU, em Haia (Holanda), responsável pelos processos contra criminosos de guerra na ex-Iugoslávia.
O governo britânico não confirmou a informação de que o motorista de Drljaca foi morto na ação e de que seu filho teria sido preso.
Mudança de atitude
Os incidentes ocorridos ontem marcam o início de uma política mais severa contra criminosos de guerra que estão soltos em território bósnio.
As acusações contra os dois sérvios foram emitidas pelo tribunal de Haia, mas não haviam sido tornadas públicas até ontem, pegando-os de surpresa.
A ação militar foi discutida previamente entre o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e o presidente dos EUA, Bill Clinton. Os dois participaram na segunda e terça da cúpula da Otan em Madri.
Em reunião do gabinete britânico, Blair elogiou a ação de suas tropas na Bósnia.
O ministro das Relações Exteriores, Robin Cook, disse que a ação deixou claro que o Reino Unido quer que todos os acusados por crimes de guerra sejam levados a julgamento.
Um assessor militar de Clinton disse na Polônia que tropas dos EUA apoiaram a ação, mas não participaram diretamente dela.
Um oficial da Casa Branca afirmou que a tropa da Otan na Bósnia pode fazer novas prisões de criminosos de guerra.
A orientação é que as prisões sejam feitas apenas se as tropas se depararem com indivíduos procurados, mas tudo indica que a operação de ontem não foi casual.
Ele não quis dizer por que os dois principais líderes dos sérvios da Bósnia durante o conflito no país, entre abril de 1992 e outubro de 1995, ainda não foram detidos.
O ex-líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, e seu ex-comandante militar, general Ratko Mladic, já foram acusados por genocídio e crimes de guerra pelo tribunal de Haia.



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