São Paulo, sexta, 11 de julho de 1997.



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TENSÃO NA ÁSIA
Asean, que reúne sete países do Sudeste Asiático, aumenta pressão sobre o premiê golpista Hun Sen
Bloco econômico barra entrada do Camboja

das agências internacionais

A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, sigla em inglês) resolveu ontem barrar a entrada do Camboja em seus quadros e disse que reconhecia o príncipe Norodom Ranariddh como primeiro premiê do país.
Norodom foi derrubado no último final de semana pelo seu parceiro de governo, o segundo primeiro-ministro, Hun Sen.
O movimento de isolamento do Camboja não se resume à Ásia. Estados Unidos e Alemanha anunciaram ontem a suspensão de toda ajuda ao país.
"A Asean continuará a encarar Norodom como co-premiê do Camboja", disse o chanceler da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, após reunião de emergência sobre a situação do Camboja.
O país, junto com o Laos e Myanma (ex-Birmânia), deveria se juntar à Asean no final deste mês. Segundo comunicado da associação, os planos de integração dos outros dois países continuam inalterados.
'Mudança dramática'
A Asean disse que, apesar de sua política de não-interferência nos assuntos internos de seus países membros, "houve uma mudança dramática na situação política do Camboja, provocada pelo uso da força".
A associação, criada em 1967, é composta por sete membros (Malásia, Vietnã, Indonésia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Brunei). A entidade visa à integração econômica da região e não costuma se manifestar sobre violações de direitos ou sobre ilegalidades praticadas nos territórios de seus países membros.
O governo cambojano, agora liderado apenas por Hun Sen, criticou a decisão da associação.
No último fim-de-semana, homens de Hun Sen atacaram posições do partido de Norodom, o Funcinpec (Frente da Unidade Nacional para um Camboja Independente, Neutro, Pacífico e Cooperativo). Nos combates, que se concentraram na capital do país, Phnom Penh, ao menos 58 pessoas morreram e 200 ficaram feridas -em sua maioria civis.
Ontem, enquanto a retirada de estrangeiros continuava, combates esporádicos foram relatados no norte do Camboja. Especialistas militares, porém, disseram que as forças do príncipe não são páreo para o potencial militar de Hun Sen (leia texto abaixo).
Enquanto perde terreno no plano interno, o premiê deposto conquista cada vez mais espaço no plano internacional. Norodom se reuniu em Nova York (EUA) com o presidente do Conselho de Segurança da ONU, Peter Osvald, e pediu que a entidade congelasse a ajuda ao Camboja.
Sem golpe
Hun Sen, ontem, voltou a negar que houvesse liderado um golpe de Estado contra o primeiro premiê e disse que Norodom pode voltar ao país -para ser julgado.
Ele afirmou que o príncipe provocou sua ação ao negociar com líderes do enfraquecido Khmer Vermelho e tentar infiltrar guerrilheiros no grupo na capital do país.
Desde 1993, os premiês, líderes de facções rivais da guerra civil que atingiu o país por anos, compartilhavam uma instável coalizão.
O Khmer Vermelho e os monarquistas foram aliados nos conflitos contra o governo pró-vietnamita de que Hun Sen é sucessor.



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