São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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IMPRENSA

"Newsweek" afirma que informante da "Time" era Karl Rove; repórter do "NYT" está presa por não revelar fonte

Assessor de Bush vazou informação, diz revista

DA REDAÇÃO

Karl Rove, o principal estrategista político do governo de George W. Bush, foi apontado ontem pela revista "Newsweek" como a fonte da revista "Time" para a informação de que Valerie Plame, mulher do diplomata norte-americano Joseph Wilson, era agente secreta da CIA.
Wilson havia discordado publicamente de Bush acerca da Guerra do Iraque e disse que a ocupação de sua mulher fora "vazada" à imprensa em represália à sua discordância. A informação sobre Plame foi publicada pela primeira vez na coluna do jornalista Robert Novak, em jornais norte-americanos, em 2003, que citava funcionários do governo não identificados como fonte da notícia.
Dois outros repórteres, Judith Miller, do "New York Times", e Matthew Cooper, da "Time", investigaram a história e teriam recebido a mesma informação. Miller nunca escreveu sobre a ocupação de Plame, e Cooper fez menção ao caso depois de Novak.
Os dois, no entanto, foram intimados pela Justiça americana a revelarem suas fontes no caso, já que divulgar a identidade de um agente secreto nos EUA é crime -o que gerou debate sobre suposto desrespeito às garantias constitucionais de liberdade de imprensa, que incluiriam o direito a manter o segredo sobre a fonte de notícias.
Miller se recusou a dizer como -ou de quem- havia recebido a informação, e está presa. Cooper entregou suas anotações e documentos sobre o caso à Justiça.
Foi num dos e-mails do repórter que a "Newsweek" descobriu a informação de que Rove, ideólogo de Bush, seria sua fonte. Em mensagem a seu chefe, o jornalista da "Time" informa que Rove lhe teria fornecido a informação sobre a identidade de Plame.
Segundo a "Newsweek", Rove sempre "escolheu cuidadosamente as palavras" ao tratar do caso. "Eu não "vazei" o seu nome", ele disse em entrevista à rede CNN quando questionado se tinha algo a ver com a revelação da condição de Plame.
"Na semana passada", diz o texto publicado ontem, "seu advogado confirmou à "Newsweek" que Rove o fez ["vazou" a informação] -e que Rove era a fonte secreta que, a pedido do advogado de Cooper e do promotor, deu a Cooper a permissão para testemunhar [sobre o caso]."
No e-mail, de fato, Cooper nunca diz que Rove tenha usado o nome de Plame nem que tivesse intenção de, deliberadamente, revelar que ela era uma agente secreta para prejudicá-la. Cooper escreve que Rove o alertou para "não se afastar muito de Wilson", o marido de Plame, em suas investigações sobre as divergências entre o diplomata e a Casa Branca.
Disse que uma viagem do diplomata à África, para investigar suposta venda de urânio ao Iraque -e Wilson usaria as informações aí conseguidas para desmentir o governo Bush, negando que tal transação tivesse ocorrido-, tinha sido autorizada por "sua mulher", que "aparentemente trabalha na CIA com armas de destruição em massa".
A conversa, diz a revista, ocorreu antes da publicação da informação sobre a identidade de Plame por Novak. A Justiça americana agora deve investigar se Rove conversou com outros repórteres sobre a identidade da agente secreta da CIA.

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