|
Próximo Texto | Índice
Explosão mata o principalterrorista da Tchetchênia
Basayev pode ter sido vítima da detonação acidental da dinamite que escoltava
Líder separatista coordenou
seqüestro de crianças numa escola da cidade de Beslan, em 2004, que terminou com a morte dos 331 reféns
DA REDAÇÃO
O líder rebelde tchetcheno
Shamil Basayev, 41, foi morto
nas primeiras horas de segunda-feira, com a explosão de um
caminhão que transportava
100 kg de dinamite, perto de
Ekazhevo, aldeia da Inguchétia, uma república russa vizinha à Tchetchênia.
Ele era o terrorista mais procurado da Rússia, com cabeça a
prêmio por US$ 10 milhões. Foi
o planejador responsável direto pelo seqüestro, em 2004, de
alunos de uma escola em Beslan, que terminou com a morte
de 331 reféns.
No momento da explosão,
Basayev ocupava o banco do
passageiro de um automóvel
que escoltava o transporte do
dinamite, disse o FSB, serviço
de inteligência russo, sem no
entanto especificar qual a sua
participação no episódio.
A agência de notícias Itar-Tass disse que o líder rebelde
foi "eliminado", dando a entender que a explosão foi o resultado de uma operação oficial.
Em declarações à TV, o presidente Vladimir Putin disse que
se trata "de uma retribuição
merecida contra os bandidos
que mataram nossas crianças
em Beslan e cometeram outros
atos terroristas em Moscou e
nas demais regiões russas".
Seu corpo não foi mostrado
pela televisão russa, conforme
o hábito do FSB para comprovar suas operações de maior
impacto público. O cadáver de
Basayev e de seus acompanhantes -de quatro a 12, segundo informações contraditórias- ficaram dilacerados com
a explosão.
Os restos do líder rebelde teriam sido identificados por parte da cabeça e pela perna mecânica que utilizava. Mas um site
da internet que normalmente
veicula mensagens dos rebeldes reconheceu a morte de Basayev e o classifica de "mártir".
As informações relativas à
Tchetchênia e a seus guerrilheiros independentistas têm
em geral como única fonte o governo de Moscou, que nem
sempre é isento ou confiável.
O chefe do FSB, Nikolai Patruchev, disse ontem que o terrorista tchetcheno planejava
um atentado espetacular no sul
da Rússia para prejudicar a reunião de cúpula do G8 (grupo
dos países mais industrializados), que Vladimir Putin presidirá durante o fim de semana
em São Petesburgo, no noroeste do país. O presidente americano, George W. Bush será o
principal participante.
Em Londres, no entanto, o
representante dos rebeldes,
Akhmed Zakayev, disse à Associated Press que a reunião do
G8 seria o pretexto para uma
iniciativa bem mais pacífica: a
divulgação de um manifesto
pedindo "ação urgente" pela independência da Tchetchênia.
Endosso
Em Washington, o porta-voz
da Casa Branca, Tony Snow,
disse que o governo americano
não lamentava a morte de Basayev, porque, disse ele, "se tratava de um terrorista".
Depois do 11 de Setembro, os
EUA deixaram de se manifestar
sobre as violações dos direitos
humanos que a Rússia comete
na Tchetchênia, encampando a
tese de Putin de que os partidários da independência são todos, indistintamente, meros
"terroristas".
A Tchetchênia é uma república de 1 milhão de habitantes,
em sua totalidade muçulmanos
sunitas. Inicialmente laica, a
guerra pela independência, iniciada após o colapso da União
Soviética, tornou-se mais religiosa, com o aumento da influência de voluntários sauditas, paquistaneses ou afegãos.
O premiê tchetcheno -pró-Rússia-, Ramzan Kadyrov,
disse "ser grato àqueles que
mataram Basayev", embora lamente não tê-lo executado com
as próprias mãos.
"Com a morte de Basayev, a
direção dos rebeldes foi destruída. É como se [Osama] bin
Laden tivesse sido morto no
Afeganistão", disse Alexander
Rarh, especialista em Rússia do
Conselho Alemão de Relações
Exteriores. Para a jornalista
russa Anna Politkovskaya, especialista na região, a eliminação de Basayev "é um presente
para Putin, que se fortalece politicamente às vésperas do G8".
Putin ascendeu na política
como premiê, após uma violenta campanha de repressão dos
separatistas tchetchenos.
Mas Politkovskaya diz que os
efeitos práticos da morte do
terrorista serão semelhantes
aos da morte, no Iraque, do líder da insurgência islâmica
Abu Musab al Zarqawi: bem
pouco ou nenhum.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Foco: Seis anos depois de cerco, Grozni vive cotidiano de seqüestros e assassinatos Índice
|