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Ícone da Zâmbia lembra fim do apartheid
Democrata ajudou a negociar fim do regime
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A LUSAKA (ZÂMBIA)
Enquanto a África do Sul
recebe a admiração mundial
pela reconciliação pós-apartheid, um líder aposentado
de um país vizinho assiste,
modesto, ao sucesso que ajudou a construir.
Keneth Kaunda, 86, primeiro presidente de Zâmbia,
lembra como foi criticado por
negociar com o regime do
apartheid para obter concessões, inclusive a libertação
de Nelson Mandela. "A África
toda dizia que não podíamos
falar com [B.J.] Vorster e [Pieter] Botha [ex-primeiros ministros do apartheid]."
Kaunda ajudou a construir
as negociações na África do
Sul e nas lutas pela independência de Angola e Moçambique. Foi também um líder
africano a declinar da Presidência ao perder as eleições,
após permitir um pleito multipartidário. É lembrado como sinônimo de democracia.
Na última semana, ele falou com à Folha, em Lusaka.
Diz que Robert Mugabe,
ditador do Zimbábue, não
pode ser "demonizado" pela
crise em seu país. "Teve muita paciência e lutou contra o
racismo de um modo que a
África deveria se orgulhar."
Sobre os desafios do continente, Kaunda afirma que
são miséria, fome, ignorância, doenças, crime e corrupção. "Mas temos que ser corajosos para dizer que nem toda a culpa deve ser colocada
nos ombros dos colonizadores. Parte dela tem que estar
nos nossos ombros."
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