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EUA
Porter Goss, republicano que preside a comissão de inteligência da Câmara, comandará agência; democratas criticam escolha
Bush nomeia novo diretor para CIA em crise
DA REDAÇÃO
Em meio à crise de credibilidade devido a falhas relacionadas à
campanha do Iraque e ao 11 de Setembro, o presidente dos EUA,
George W. Bush, nomeou ontem
o congressista republicano Porter
Goss, 65, como novo diretor-geral
da CIA (serviço de inteligência).
Para o presidente americano,
Goss, que preside a comissão de
inteligência da Câmara de Deputados, é "o homem certo para
conduzir essa importante agência
neste momento crítico", no qual,
além da crise da agência, os EUA
enfrentam alertas de ataques terroristas e discutem reformas na
inteligência propostas pela comissão bipartidária que investiga
o 11 de Setembro.
Não está claro quanta autoridade o novo chefe da CIA deterá,
nem por quanto tempo permaneceria no cargo caso Bush perdesse
as eleições presidenciais do próximo dia 2 de novembro para o candidato democrata, John Kerry.
Democratas questionam se
Goss, deputado da Flórida, não
seria muito comprometido com o
Partido Republicano para assumir a posição de diretor-geral da
CIA. O Estado que ele representa
é o mesmo onde algumas centenas de votos foram decisivos na
eleição de 2000, dando a Bush a
vitória sobre Al Gore após decisões judiciais e inúmeras recontagens.
"[A nomeação] é a pior da história. (...) Colocar alguém tão ligado ao partido nesse cargo diminuirá a confiança pública na inteligência", declarou Stansfield Turner, diretor da CIA na gestão do
ex-presidente democrata Jimmy
Carter (1977-81).
Mas, apesar das críticas, a oposição aparentemente não pretende barrar o nome de Goss, conhecido pela longa experiência e pelo
jeito afável, no Senado, que tem
de ratificar a nomeação.
A rápida escolha do novo diretor é um aparente esforço de Bush
para conter as críticas democratas
sobre seus assessores de segurança nacional e controlar a agenda
de revisão dos serviços de inteligência. Nomeando Goss, o presidente também rejeitou os conselhos para manter John McLaughlin no cargo até pelo menos após
as eleições. McLaughlin era o diretor interino da CIA desde que
George Tenet deixou o posto em
julho último por "razões pessoais".
O deputado tem boas credenciais para sua nomeação ser confirmada: muitos aliados na agência e grande experiência como ex-funcionário da CIA e da inteligência das Forças Armadas.
"Foi uma escolha carregada politicamente. E Bush está apostando que pode fazer política melhor
que os democratas", disse Michael O'Hanlon, analista de segurança nacional do Instituto Brookings.
"Segurança doméstica e a guerra ao terror são as principais -e
para alguns, as únicas- vantagens de Bush. Ele não quer arriscar essas vantagens", disse David
Rohde, cientista político da Universidade de Michigan.
Mesmo assim, Bush enfrentará
riscos ao dar espaço para os democratas debaterem no Senado a
guerra contra o terror, a ocupação
do Iraque e as falhas do serviço de
inteligência, consideradas questões cruciais para a eleição do presidente americano.
Com agências internacionais
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