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Bush pretende ampliar medidas contra o terror
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Em discurso na véspera do aniversário de dois anos do 11 de Setembro, o presidente norte-americano, George W. Bush, defendeu ontem a adoção da pena de
morte para crimes relacionados
ao terrorismo.
Bush quer também que pessoas
detidas para averiguações ligadas
ao terror não possam deixar a prisão pagando fiança e que as autoridades policiais nos EUA não
precisem de autorizações judiciais para tocar investigações relacionadas ao terrorismo.
As propostas de Bush, que discursou ontem dirigindo-se a funcionários do FBI (a polícia federal
americana), ampliariam ainda
mais o poder das autoridades de
combate ao terror nos EUA.
Nas últimas semanas, várias entidades de proteção aos direitos
civis e congressistas republicanos
e democratas vêm criticando a extensão do poder dado ao governo
Bush desde os atentados de 11 de
Setembro. Pesquisa divulgada ontem pela agência Associated Press
mostrou que dois terços dos americanos temem ter suas liberdades
individuais comprometidas.
Bush fez uma ampla defesa do
Patriot Act, conjunto de medidas
aprovado por maioria absoluta
no Congresso no dia seguinte aos
atentados e considerado um marco na violação dos direitos civis
norte-americanos.
A partir do Patriot Act, milhares
de telefones passaram a ser grampeados e foram abertos às autoridades registros, bancos de dados e
informações financeiras de milhões de cidadãos.
Bush argumentou ontem que
vários crimes, como casos de assassinatos, por exemplo, já são
passíveis de punição com a pena
de morte. "Tecnicalidades não
deveriam proteger terroristas",
disse Bush, ex-governador do Texas, um dos Estados recordistas
em execuções nos EUA.
Fazendo um balanço das medidas adotadas pelas autoridades
responsáveis pela segurança interna, Bush disse que 260 pessoas
suspeitas de atividades terroristas
foram presas nos dois últimos
anos e 140 foram condenadas.
"Milhares de policiais armados
viajam diariamente em aviões
que tiveram as suas cabines blindadas", disse Bush. "Queremos
agora adotar medidas extraordinárias para proteger nosso país
daqueles que odeiam o que mais
amamos, a liberdade."
Bush disse ainda que os EUA
pretende criar uma série de mecanismos e vacinas para prevenir o
país contra ataques com armas
biológicas.
A estratégia de Bush, sob ataque
diário de pré-candidatos democratas por causa da atuação militar no Iraque, tem sido capitalizar
as conquistas obtidas na guerra
contra o terror e dizer aos americanos -como fez ontem- que o
país "está mais seguro, mas ainda
corre perigo".
"Há dois anos nosso país tem
estado na ofensiva contra o terrorismo global. Adotamos medidas
sem precedentes nessa área e jamais seremos complacentes, mas
nossa nação ainda tem muito trabalho pela frente", disse.
Apesar da retórica da segurança, várias áreas relacionadas ao tema nos EUA vêm sofrendo críticas devido à desarticulação de atividades e falta de verbas.
O Departamento de Segurança
Interna, que unificou 22 diferentes agências há seis meses, por
exemplo, ainda não conseguiu
reorganizar todas as suas atividades e está, neste momento, com
dois de seus principais coordenadores demissionários.
O FBI também é criticado por
estar deixando em segundo plano
investigações relacionadas a crimes financeiros e tráfico de entorpecentes para dedicar-se ao combate ao terror.
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