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GUERRA SEM LIMITES
Central na agenda da disputa pela Casa Branca, ataque faz três anos e gera bate-boca entre candidatos
EUA marcam hoje 11 de Setembro "politizado"
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Em um prédio vizinho ao local
onde ficava o World Trade Center, uma faixa, pendurada metros
acima de uma enorme bandeira
americana, diz: "Nós não esqueceremos nunca". Passados três
anos dos ataques terroristas que
mataram quase 3.000 pessoas em
Nova York, a frase continua valendo. Especialmente no que cabe
à disputa presidencial americana.
Em ano eleitoral, os EUA marcam hoje o mais político 11 de Setembro desde que dois aviões seqüestrados por terroristas se chocaram contra os prédios do WTC,
levando-os ao chão logo depois.
Os ataques, que deram ao presidente George W. Bush a possibilidade de fazer da segurança nacional sua maior bandeira, passaram
a semana no centro do debate.
Bush voltou ontem a relacionar
o perigo de novos ataques ao resultado da eleição. O voto em 2 de
novembro, disse ele, "também
mostrará como os americanos
respondem ao constante perigo
do terror". "Se os EUA mostrarem dúvidas e fragilidade nesta
década, o mundo vai se tornar
uma tragédia", disse ele num
evento de campanha na Virgínia.
"Desde aquela terrível manhã
de setembro de 2001, temos combatido terroristas em todo o mundo. Não pela glória ou pelo poder,
mas porque a vida de nossos cidadãos está em perigo", disse Bush.
Em evento paralelo, o secretário
de Estado, Colin Powell, disse crer
que o mentor dos atentados, Osama bin Laden, esteja vivo, mas
acuado.
O recorrente discurso da segurança nacional professado por
Bush e seus correligionários, que
tornou a Convenção Nacional Republicana, no início do mês, praticamente monotemática, parece
ter surtido efeito.
A pesquisa mais recente da TV
ABC com o jornal "The Washington Post", feita entre os dias 6 e 8 e
publicada ontem, deu ao presidente 11 pontos de vantagem sobre seu adversário -Bush teve a
preferência de 52% dos 1.202 entrevistados, e Kerry, de 43% (a
margem de erro é de três pontos
percentuais, para mais ou para
menos). Numa pesquisa anterior
da ABC e do "Post", no fim de
agosto, os dois candidatos empatavam em 48%.
A estratégia de explorar politicamente o 11 de Setembro tem sido muito criticada, e um eventual
efeito negativo é temido pelos republicanos. O vice-presidente
Dick Cheney teve de descer o tom
de seu discurso, após dizer no início da semana que "uma escolha
errada" deixaria o país mais suscetível ao terrorismo, e que os
EUA "seriam atingidos de um
modo que será devastador para a
posição americana".
"Eu não disse que, se [o democrata John] Kerry for eleito, o país
sofrerá um novo ataque", declarou Cheney ontem ao jornal "Cincinnati Enquirer". Kerry acusa os
adversários de usar a estratégia do
medo. O governo Bush "está tratando de assustar os americanos",
disse o senador, em campanha
em Missouri. "É verdade, temos
uma guerra, temos um problema.
Mas não deveríamos politizá-lo
assustando a população."
Preparo
Ontem, em um evento em homenagem aos 23 policiais de Nova York que morreram nos atentados, o comissário de polícia municipal, Raymond Kelly, disse que
a cidade "está hoje muito mais
bem preparada para enfrentar
qualquer um que tente atacá-la".
A cerimônia foi a primeira na
região do Ground Zero, onde antes ficavam as torres gêmeas e
agora máquinas trabalham incessantemente na construção de um
memorial.
Hoje, as homenagens recomeçam às 8h46, com um momento
de silêncio para marcar a hora em
que a Torre Norte foi atingida pelo primeiro dos dois aviões.
Nesse mesmo momento, todas
as igrejas e congregações religiosas serão convidadas a tocar seus
sinos, como ocorreu nos últimos
dois anos. Em seguida, familiares
de parte das cerca de 3.000 vítimas
escolhidos por sorteio depositarão flores no local.
Os eventos prosseguem com a
leitura dos nomes dos mortos por
seus pais e avós, interrompida por
novos minutos de silêncio no momento do segundo ataque (9h03),
da queda da Torre Sul (9h59) e da
queda da Torre Norte (10h29). No
ano passado, a leitura foi feita por
filhos de vítimas.
A cerimônia será concluída por
volta do meio-dia, com a apresentação das bandas dos departamentos de polícia e de bombeiros
de Nova York. Durante a noite,
dois fachos de luz serão acessos
nos lugares onde ficavam as torres, no já conhecido "Tributo das
Luzes".
O prefeito Michael Bloomberg,
republicano, deve presidir as solenidades, mas nenhum dos dois
candidatos à Presidência estará
presente. Ambos, no entanto,
participarão de tributos aos mortos no ataque -Bush na Casa
Branca e Kerry em seu Estado de
origem, Massachusetts.
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