São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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ÁSIA

Recuperação após baixo crescimento é trunfo amanhã

Fôlego econômico é aposta chinesa para vencer eleição em Hong Kong

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG

A recuperação da economia, depois de três anos de baixo crescimento, é o principal trunfo do governo de Hong Kong nas eleições legislativas de amanhã. Os candidatos oficiais também se beneficiam da forte e crescente dependência econômica entre a ex-colônia britânica e a China.
Depois de voltar ao domínio chinês, em 1997, Hong Kong se tornou o principal investidor estrangeiro no continente, com um estoque de US$ 205 bilhões no fim de 2002, equivalente a 46% do total. No caminho inverso, os chineses investiram US$ 100 bilhões na ilha, ficando em segundo lugar no ranking dos maiores investidores, atrás apenas das Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal.
A China também é o principal parceiro comercial da ex-colônia britânica. A importância do continente para a economia local aumentou ainda mais no ano passado, com a assinatura de um tratado de livre comércio, conhecido pela sigla Cepa, e a liberação de viagens de chineses para a ilha, afirma o cônsul do Brasil em Hong Kong, embaixador Armando Sérgio Frasão.
O Cepa, que entrou em vigor em janeiro de 2004, reduz tarifas para determinados produtos e serviços e dá acesso privilegiado ao mercado chinês para empresas sediadas em Hong Kong. O fim das restrições para viagens de chineses trouxe uma onda de turistas para a ilha, prontos para gastar no comércio local.

"Harmonia"
A economia começou a reagir no ano passado e cresceu 3,2%, depois de registrar medíocres 0,5% em 2001 e 1,9%, em 2002. Em 2004, a previsão oficial é que o PIB terminará o ano com expansão de 7,5%. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 7,0% e, no segundo, de 12,1%.
A boa performance pode ajudar o impopular chefe do governo Tung Chee-hwa, um milionário alçado ao cargo por decisão de Pequim em 1997, e os candidatos oficiais ao Conselho Legislativo.
"O que os habitantes de Hong Kong querem é harmonia, estabilidade e uma forte economia", afirma o secretário-geral do Partido Democrata para a Melhoria de Hong Kong, que está no centro da base de apoio do governo.
Amanhã, os eleitores vão escolher os 60 integrantes do Legislativo. Metade deles será eleita por voto universal dos 3,2 milhões de eleitores de Hong Kong, enquanto a outra metade sai de 28 grupos profissionais, por decisão de cerca de 200 mil pessoas.
O sistema eleitoral garantiu até agora o controle do Legislativo pelos candidatos governistas, já que a maioria dos grupos profissionais é simpática a Pequim. Grande parte deles é dominada por empresários, que não querem mudanças na situação atual nem atritos com a China.
Na metade das cadeiras eleitas pelo voto popular, os democratas da oposição conseguiram maioria nas duas eleições que ocorreram desde 1997, com cerca de 60% dos votos.


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