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ÁSIA
Recuperação após baixo crescimento é trunfo amanhã
Fôlego econômico é aposta chinesa para vencer eleição em Hong Kong
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
A recuperação da economia, depois de três anos de baixo crescimento, é o principal trunfo do governo de Hong Kong nas eleições
legislativas de amanhã. Os candidatos oficiais também se beneficiam da forte e crescente dependência econômica entre a ex-colônia britânica e a China.
Depois de voltar ao domínio
chinês, em 1997, Hong Kong se
tornou o principal investidor estrangeiro no continente, com um
estoque de US$ 205 bilhões no fim
de 2002, equivalente a 46% do total. No caminho inverso, os chineses investiram US$ 100 bilhões na
ilha, ficando em segundo lugar no
ranking dos maiores investidores,
atrás apenas das Ilhas Virgens
Britânicas, paraíso fiscal.
A China também é o principal
parceiro comercial da ex-colônia
britânica. A importância do continente para a economia local aumentou ainda mais no ano passado, com a assinatura de um tratado de livre comércio, conhecido
pela sigla Cepa, e a liberação de
viagens de chineses para a ilha,
afirma o cônsul do Brasil em
Hong Kong, embaixador Armando Sérgio Frasão.
O Cepa, que entrou em vigor em
janeiro de 2004, reduz tarifas para
determinados produtos e serviços
e dá acesso privilegiado ao mercado chinês para empresas sediadas
em Hong Kong. O fim das restrições para viagens de chineses
trouxe uma onda de turistas para
a ilha, prontos para gastar no comércio local.
"Harmonia"
A economia começou a reagir
no ano passado e cresceu 3,2%,
depois de registrar medíocres
0,5% em 2001 e 1,9%, em 2002. Em
2004, a previsão oficial é que o PIB
terminará o ano com expansão de
7,5%. No primeiro trimestre, o
crescimento foi de 7,0% e, no segundo, de 12,1%.
A boa performance pode ajudar
o impopular chefe do governo
Tung Chee-hwa, um milionário
alçado ao cargo por decisão de Pequim em 1997, e os candidatos
oficiais ao Conselho Legislativo.
"O que os habitantes de Hong
Kong querem é harmonia, estabilidade e uma forte economia",
afirma o secretário-geral do Partido Democrata para a Melhoria de
Hong Kong, que está no centro da
base de apoio do governo.
Amanhã, os eleitores vão escolher os 60 integrantes do Legislativo. Metade deles será eleita por
voto universal dos 3,2 milhões de
eleitores de Hong Kong, enquanto a outra metade sai de 28 grupos
profissionais, por decisão de cerca
de 200 mil pessoas.
O sistema eleitoral garantiu até
agora o controle do Legislativo
pelos candidatos governistas, já
que a maioria dos grupos profissionais é simpática a Pequim.
Grande parte deles é dominada
por empresários, que não querem
mudanças na situação atual nem
atritos com a China.
Na metade das cadeiras eleitas
pelo voto popular, os democratas
da oposição conseguiram maioria
nas duas eleições que ocorreram
desde 1997, com cerca de 60% dos
votos.
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