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SOCIEDADE
Empresa que fabricou fuzil usado por atiradores da região de Washington e revendedor pagarão US$ 2,55 milhões
Fábrica de arma indenizará família de vítima
FOX BUTTERFIELD
DO "NEW YORK TIMES"
As famílias de oito vítimas dos
atiradores da região de Washington ganharam, na quarta-feira, o
direito de receber uma indenização de US$ 2,55 milhões do fabricante do fuzil Bushmaster XM-15
usado nos ataques, em 2002, e do
revendedor da arma.
Sob os termos do acordo, a
Bushmaster Firearms Inc., que fabricou a arma, vai pagar US$ 550
mil às famílias das vítimas, e a revendedora de armas Bull's Eye
Shooter Supply, de Tacoma, Washington, pagará US$ 2 milhões.
"Vemos essa indenização como
um avanço importante, pois é a
primeira vez que um fabricante
de armas terá pago indenização
por negligência levando ao uso
criminoso de uma arma", disse
Dennis Henigan, diretor jurídico
do Centro Brady de Prevenção da
Violência com Armas de Fogo.
Já houve outros casos de ações
judiciais contra fabricantes de armas, mas foram casos em que se
constatou que a arma apresentava
defeitos, disse Henigan.
Kelly Corr, uma advogada da
Bushmaster em Seattle, onde a
ação legal foi decidida por meio
de mediação, destacou que todo o
dinheiro devido pela Bushmaster
será pago por sua seguradora. "A
indenização não prevê que a
Bushmaster tenha de mudar seu
modo de trabalhar com seus distribuidores e varejistas", disse.
David Martin, advogado da
Bull's Eye, afirmou que o acordo
mediado não representa um reconhecimento de culpa por parte da
loja de armas. "Foi mais uma decisão econômica", disse Martin,
em vista do número de querelantes e da seriedade dos danos.
Depois que o fuzil Bushmaster
foi recuperado do carro usado pelos atiradores, John Allen Muhammad e Lee Boyd Malvo, o Escritório Federal de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos o
rastreou até a loja Bull's Eye.
O proprietário da loja, Brian
Borgelt, afirmou não saber que a
arma não estava em seu estoque, e
o escritório descobriu que a Bull's
Eye não conseguiu explicar o sumiço de 238 armas que deveriam
fazer parte de seu inventário.
Mais tarde, Malvo disse aos investigadores que roubou a arma
da loja. Se isso for verdade, disse
Henigan, é prova de negligência
grave por parte da Bull's Eye, já
que o fuzil tinha um metro de
comprimento e teria sido difícil
retirá-lo sem que alguém na loja
se desse conta disso.
Dados compilados pelo Escritório Federal de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos indicam que um pequeno número de
revendedores desonestos, que
compõem cerca de 1% do total, é
responsável por quase 60% das
armas usadas em crimes. Normalmente, são revendedores que
não se importam em vender armas a traficantes de armas ou aos
chamados compradores de fachada, pessoas sem ficha criminal
que compram uma arma em nome de alguém que é proibido de
fazê-lo por já ter tido alguma condenação criminal.
Dos dois outros casos recentes
em que revendedores de armas
fecharam acordos de indenização, um envolveu uma loja de penhores na Virgínia Ocidental que
vendeu armas a um comprador
de fachada, sendo que, mais tarde,
as armas foram usadas para balear dois policiais de Nova Jersey.
O outro caso envolveu uma loja
de armas de Williamsport, na
Pensilvânia, que vendeu uma arma a um traficante. A arma acabou sendo encontrada debaixo de
um carro na Filadélfia por um
menino, que atirou acidentalmente em seu amigo de dez anos,
matando-o.
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