São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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SOCIEDADE

Empresa que fabricou fuzil usado por atiradores da região de Washington e revendedor pagarão US$ 2,55 milhões

Fábrica de arma indenizará família de vítima

FOX BUTTERFIELD
DO "NEW YORK TIMES"

As famílias de oito vítimas dos atiradores da região de Washington ganharam, na quarta-feira, o direito de receber uma indenização de US$ 2,55 milhões do fabricante do fuzil Bushmaster XM-15 usado nos ataques, em 2002, e do revendedor da arma.
Sob os termos do acordo, a Bushmaster Firearms Inc., que fabricou a arma, vai pagar US$ 550 mil às famílias das vítimas, e a revendedora de armas Bull's Eye Shooter Supply, de Tacoma, Washington, pagará US$ 2 milhões.
"Vemos essa indenização como um avanço importante, pois é a primeira vez que um fabricante de armas terá pago indenização por negligência levando ao uso criminoso de uma arma", disse Dennis Henigan, diretor jurídico do Centro Brady de Prevenção da Violência com Armas de Fogo.
Já houve outros casos de ações judiciais contra fabricantes de armas, mas foram casos em que se constatou que a arma apresentava defeitos, disse Henigan.
Kelly Corr, uma advogada da Bushmaster em Seattle, onde a ação legal foi decidida por meio de mediação, destacou que todo o dinheiro devido pela Bushmaster será pago por sua seguradora. "A indenização não prevê que a Bushmaster tenha de mudar seu modo de trabalhar com seus distribuidores e varejistas", disse.
David Martin, advogado da Bull's Eye, afirmou que o acordo mediado não representa um reconhecimento de culpa por parte da loja de armas. "Foi mais uma decisão econômica", disse Martin, em vista do número de querelantes e da seriedade dos danos.
Depois que o fuzil Bushmaster foi recuperado do carro usado pelos atiradores, John Allen Muhammad e Lee Boyd Malvo, o Escritório Federal de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos o rastreou até a loja Bull's Eye.
O proprietário da loja, Brian Borgelt, afirmou não saber que a arma não estava em seu estoque, e o escritório descobriu que a Bull's Eye não conseguiu explicar o sumiço de 238 armas que deveriam fazer parte de seu inventário.
Mais tarde, Malvo disse aos investigadores que roubou a arma da loja. Se isso for verdade, disse Henigan, é prova de negligência grave por parte da Bull's Eye, já que o fuzil tinha um metro de comprimento e teria sido difícil retirá-lo sem que alguém na loja se desse conta disso.
Dados compilados pelo Escritório Federal de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos indicam que um pequeno número de revendedores desonestos, que compõem cerca de 1% do total, é responsável por quase 60% das armas usadas em crimes. Normalmente, são revendedores que não se importam em vender armas a traficantes de armas ou aos chamados compradores de fachada, pessoas sem ficha criminal que compram uma arma em nome de alguém que é proibido de fazê-lo por já ter tido alguma condenação criminal.
Dos dois outros casos recentes em que revendedores de armas fecharam acordos de indenização, um envolveu uma loja de penhores na Virgínia Ocidental que vendeu armas a um comprador de fachada, sendo que, mais tarde, as armas foram usadas para balear dois policiais de Nova Jersey.
O outro caso envolveu uma loja de armas de Williamsport, na Pensilvânia, que vendeu uma arma a um traficante. A arma acabou sendo encontrada debaixo de um carro na Filadélfia por um menino, que atirou acidentalmente em seu amigo de dez anos, matando-o.


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