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AMÉRICAS
De olho no eleitorado da Flórida, ele restringe viagens à ilha, libera entrada de dissidentes e cria comitê para era pós-Fidel
Bush endurece as medidas contra Cuba
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A pouco mais de um ano da eleição de 2004, o presidente dos
EUA, George W. Bush, anunciou
ontem medidas de endurecimento contra Cuba e o regime do ditador Fidel Castro.
As iniciativas foram prontamente apoiadas pelos cubanos vivendo nos EUA, especialmente na
Flórida, Estado que deu a vitória
eleitoral a Bush em 2000 por uma
margem mínima de votos.
Bush prometeu identificar ""rotas seguras e legais" para que mais
cubanos possam se exilar nos
EUA, aumentar a concessão anual
de vistos a dissidentes (hoje limitada a 20 mil) e controlar com
mais rigor as viagens de norte-americanos a Cuba.
Será criada ainda uma comissão
comandada pelo secretário de Estado, Colin Powell, e pelo secretário de Desenvolvimento Urbano,
o cubano-americano Mel Martinez, para, segundo Bush, ""planejar o feliz dia em que o regime de
Castro tiver terminado e Cuba se
converter em uma democracia".
A comunidade cubana vinha
cobrando há meses medidas de
endurecimento contra Fidel.
Em julho, Bush foi fortemente
criticado pelos cubanos ao mandar de volta para a ilha 15 dissidentes que haviam sequestrado
um barco do governo de Cuba.
No início do ano, Fidel lançou
uma onda de repressão, durante a
Guerra do Iraque, que prendeu 75
dissidentes, condenados depois a
até 24 anos de prisão, e executou
três que haviam sequestrado uma
lancha para fugir do país. A repressão inibiu um crescente movimento de políticos e empresários dos EUA pelo fim do embargo à ilha, que já dura 40 anos.
Cerca de 700 mil cubanos vivem
na Flórida. Os 400 mil eleitores
cubano-americanos do Estado
votaram em peso em Bush em
2000. Bush afirmou que o sobrecarregado Departamento de Segurança Interna aumentará as
inspeções de carregamentos destinados ou vindos de Cuba e que
haverá um controle ainda maior
sobre os americanos que viajam à
ilha dos EUA ou via outros países.
Recentemente, Bush cancelou
um programa que permitia a ida
anual de 25 mil norte-americanos
a Cuba, e os EUA só permitem
viagens em ""caráter excepcional".
O chefe da missão diplomática
de Cuba nos EUA, Dagoberto Rodriguez, disse ontem que Bush
deveria ""parar de atuar como um
caubói fora da lei".
No ano passado, Bush disse que
suspenderia o embargo se Fidel
concordasse em realizar eleições
diretas e democráticas neste ano.
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