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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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JAPÃO

Criticado dentro de seu partido, premiê pretende obter nas urnas, em 9 de novembro, apoio popular para sua política

Koizumi convoca eleição para fazer reforma

DA ASSOCIATED PRESS, EM TÓQUIO

O premiê japonês, Junichiro Koizumi, dissolveu ontem a Câmara Baixa do Parlamento, fixou para 9 de novembro a data das eleições e anunciou um plano de dez pontos para reativar a segunda maior economia do mundo.
Koizumi espera que o plano vá fortalecer suas credenciais de reformista, no momento em que se prepara para enfrentar a primeira eleição nacional desde que subiu ao poder, em abril de 2001, levado por uma onda de insatisfação.
"Chegou a hora de testar se a população apóia minha política de reformas", disse Koizumi. "Acredito que iremos vencer."
Koizumi vê a eleição como chance de reforçar a hegemonia de sua legenda, o Partido Liberal Democrático, na Câmara Baixa.
A dissolução da Câmara Baixa significa que as 480 vagas terão de ser disputadas novamente, inclusive a do próprio Koizumi. Após a dissolução, parlamentares se puseram de pé e gritaram "banzai!", expressão de congratulação que significa "vida longa".
Com seu cargo em jogo e uma resistência crescente a suas reformas dentro de seu próprio partido, o premiê precisará transformar seu alto índice de aprovação (cerca de 60%) numa vitória importante para sua legenda.
Embora seus correligionários tenham estado entre seus críticos mais contumazes, ontem o PLD se uniu em torno do manifesto eleitoral que Koizumi acabava de lançar, apelidado de Declaração de Reformas de Koizumi.
O plano de dez pontos prevê a privatização do correio até 2007 e uma taxa de crescimento de 2% em 2006, o que seria um avanço para um país em recessão há dez anos.
Analistas disseram que é pouco provável que a oposição afaste o PLD do poder pela primeira vez em uma década. Mas eles prevêem que parte do eleitorado vá se bandear para a oposição, rejuvenescida pela fusão do Partido Democrático do Japão com um partido oposicionista menor.
"O Partido Democrático possui muitos parlamentares jovens e de talento. E os eleitores urbanos não gostam da "política de chefões" típica do PLD nem da forma como este promove a candidatura dos filhos de políticos poderosos", disse o analista Taro Yayama.
A aliança governista do PLD -que inclui os partidos Novo Komeito, apoiado pelos budistas, e Novo Conservador- controla a maioria na Câmara Baixa, com 285 vagas. A confirmação dessa maioria manteria Koizumi no poder pelo restante de seu mandato de três anos. O Partido Democrático, maior bloco oposicionista, tem 137 vagas.
Desde que chegou ao poder, Koizumi já prometeu acabar com a política clientelista e os gastos exagerados em obras públicas, além de acenar com reformas econômicas.
Embora ele tenha imposto um teto aos gastos do governo, aprovado leis para desregulamentar a indústria e iniciado medidas para privatizar instituições governamentais como o correio, essas medidas ainda não devolveram a prosperidade ao país.
Já se percebem sinais de retomada. Mas o desemprego permanece perto do pico histórico, e os economistas dizem que a valorização forte do iene em relação ao dólar, vista nas últimas semanas, pode frear a economia japonesa, movida pelas exportações.


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