São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Israel vai desapropriar terra palestina

Os 110 hectares serviriam para a construção de nova ligação entre Jerusalém e Jericó; estrada antiga viraria parque industrial

Decisão, revelada pelo jornal "Haaretz", é tomada às vésperas de cúpula do Oriente Médio nos EUA e destoa de afirmação recente

DA REDAÇÃO

As Forças de Defesa de Israel ordenaram a desapropriação de mais de 110 hectares de terra de quatro vilarejos árabes entre Jerusalém Oriental e o assentamento de judaico de Maale Adumin, na Cisjordânia.
A medida denota a ambigüidade israelense na discussão sobre um futuro Estado palestino. Há apenas dois dias, o vice-premiê israelense Haim Ramon havia confirmado estudar a cessão de soberania de Jerusalém Oriental para os palestinos. A informação sobre a desapropriação foi divulgada ontem no jornal israelense "Haaretz".
A ordem também chega pouco antes da cúpula planejada pelos EUA em Annapolis (Maryland), que reunirá árabes e palestinos para discutir um acordo de paz em novembro. Apesar de o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pressionarem por acordos -em parte para para garantir sua sobrevivência política-, não se sabe se eles terão apoio de seus partidos. Em Israel, a indivisibilidade de Jerusalém e sua preservação sob soberania israelense eram até agora um relativo consenso.
Segundo o "Haaretz," a terra a ser desapropriada deverá ser usada para uma nova estrada palestina para ligar Jerusalém Oriental a Jericó.
Com a nova via, ficaria liberada a área E1, entre Jerusalém e Maale Adumin, onde passa hoje a estrada Jerusalém-Jericó e que Israel quer para si. Em E1, o país planeja construir 3.500 apartamentos e um parque industrial.
O plano para E1 sofre há muito a oposição de palestinos e da comunidade internacional, incluindo os EUA, pois cortaria em dois o território da Cisjordânia e o separaria em definitivo de Jerusalém Oriental.
Israel defende seu planejamento afirmando que a nova estrada garantiria a continuidade dos centros palestinos.
Também ontem, Abbas especificou em um discurso na TV a quantidade de terra que espera obter para um futuro Estado palestino: exatamente "6.205 quilômetros quadrados na Cisjordânia e na faixa de Gaza".
Apesar de ser a primeira vez que o líder oferece um número preciso, ele delineou basicamente o mesmo território controlado por palestinos antes da ocupação israelense em 1967, uma reivindicação antiga.
Abbas também se dispôs a entregar terras da Cisjordânia para Israel, desde que os israelenses cedam partes de seu território aos palestinos. A integralidade do território da Cisjordânia é tradicionalmente uma demanda dos palestinos.


Com agências internacionais


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