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MUNDO PÓS-GUERRA FRIA
Presidentes Jiang e Ieltsin fazem tratado, para evitar disputas que se arrastam desde o século 17
China e Rússia fazem acordo de fronteira
JAIME SPITZCOVSKY
enviado especial a Moscou
Os presidentes da China, Jiang
Zemin, e da Rússia, Boris Ieltsin,
assinaram ontem em Pequim um
acordo para definir as linhas dos
seus 4,3 mil quilômetros de fronteira comum.
O tratado, que vem sendo negociado negociado desde 1991, busca
terminar as disputas territoriais
que se arrastam desde o século 17.
China e Rússia promovem a sua
quinta reunião de cúpula nos últimos cinco anos. A reaproximação
entre os dois países contrasta com
os dias de rivalidade da Guerra
Fria, nos anos 60 e 70.
Em 1969, já divididos por questões ideológicas no movimento
comunista, Moscou e Pequim chegaram à beira da guerra total empurrados por conflitos territoriais
Com a desintegração da União
Soviética e o fim da Guerra Fria,
acelerou-se a reaproximação.
Jiang e Ieltsin também assinaram
acordos comerciais. O principal
deles abre caminho para a construção de um gasoduto da Sibéria
(parte asiática da Rússia) até a região leste da China, num projeto
avaliado em US$ 12 bilhões.
Os dois governos colocam agora
o aumento do comércio como
uma das prioridades da agenda bilateral.
Eles querem que as relações econômicas reflitam a atual aproximação política entre os dois gigantes.
O volume de comércio bilateral
atingiu no ano passado apenas
US$ 7 bilhões e foi anunciada a
meta de US$ 20 bilhões para o fim
deste século. Somente as exportações e importações entre China e
Japão, por exemplo, atingiram
US$ 60 bilhões em 1996.
Mundo multipolar
Jiang e Ieltsin, em entrevista coletiva, repetiram o discurso feito
nas últimas reuniões de cúpula.
Disseram que a "parceria estratégica" entre Moscou e Pequim não
significa "uma aliança contra um
terceiro país".
O terceiro país em questão é os
Estados Unidos. Rússia e China já
demonstraram irritação diante do
atual cenário geopolítico, marcado pela hegemonia norte-americana.
Os dois países defendem a idéia
de um "mundo multipolar", ou
seja, sem apenas uma superpotência, no caso os EUA, como centro
decisório.
Jiang e Ieltsin rejeitam a idéia de
"uma aliança contra um terceiro
país", pois não podem comprometer suas relações com Washington. Os dois países precisam dos
investimentos norte-americanos
para mover suas reformas pró-capitalismo.
Ieltsin, que chegou no domingo,
viaja hoje para Harbin, nordeste
da China, no último dia de sua visita. Ele vai visitar uma cidade chinesa marcada pela influência dos
vizinhos russos na arquitetura local e no comércio, com a presença
de diversos produtos da Rússia.
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