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GUERRA NO CÁUCASO
Moscou não se pronuncia sobre oferta do presidente tchetcheno e continua a bombardear a região
Tchetchênia propõe acordo de paz
das agências internacionais
O presidente da Tchetchênia,
Aslan Maskhadov, apresentou
ontem à Rússia um plano de paz
em que diz estar disposto a aceitar
medidas para controlar a ação de
grupos extremistas. Moscou não
se pronunciou sobre a oferta e
continuou a bombardear a região.
O comandante das forças russas
na Tchetchênia, general Viktor
Kazantsev, disse que a ofensiva
continuará "até o fim".
A iniciativa de Maskhadov busca encerrar a guerra no Cáucaso
no momento em que a chegada
do inverno ameaça trazer mais dificuldades aos cerca de 200 mil refugiados que deixaram a Tchetchênia rumo à vizinha Inguchétia.
As primeiras tempestades de
neve começaram a cair esta semana na região. Segundo o Acnur
(Alto Comissariado da ONU para
os Refugiados), cerca de 4.000
tchetchenos por dia continuam
chegando à Inguchétia, fugindo
das bombas russas.
A situação dos refugiados e a
morte de dezenas de civis vêm levando o Ocidente a aumentar o
tom das críticas à ação militar russa na Tchetchênia (leia abaixo).
O presidente Maskhadov pediu
mais uma vez a intervenção internacional, para impedir "a eliminação do povo tchetcheno".
Sua proposta de paz contém
quatro pontos: 1. adoção de medidas de segurança na fronteira russo-tchetchena; 2. abertura de processo contra suspeitos de terrorismo; 3. proibição de unidades militares ilegais; 4. criação de um
grupo conjunto para evitar as atividades dessa milícias.
Não é a primeira vez que o líder
da Tchetchênia tenta dialogar. O
presidente russo, Boris Ieltsin,
que conta com o apoio da opinião
pública na atual ofensiva, tem ignorado seus chamados.
O candidato de Ieltsin à sucessão presidencial no próximo ano,
o premiê russo, Vladimir Putin,
teve sua popularidade aumentada
desde o início da guerra.
Ieltsin também estaria sendo
pressionado pelo Exército para
continuar os ataques. Militares
russos afirmaram à imprensa que
não aceitarão interferência do governo para parar com a ofensiva.
Caças russos bombardearam
ontem posições dos guerrilheiros
no sul da Tchetchênia. Cerca de
30 missões foram realizadas em
três vilarejos, segundo a agência
de notícias russa "Interfax".
Segundo fontes tchetchenas,
pelo menos 80 civis morreram
nos ataques dos últimos três dias.
A Rússia iniciou a atual ofensiva
no final de setembro. Afirma que
o objetivo é "eliminar" terroristas
islâmicos, acusados por Moscou
de uma série de atentados a bomba que mataram cerca de 300 pessoas no país este ano.
Os terroristas seriam, segundo o
Kremlin, de grupos separatistas
que tentam criar um Estado islâmico independente no Daguestão, outra região russa no Cáucaso. O governo tchetcheno nega estar apoiando os separatistas.
Apesar de formalmente ser uma
região pertencente à Rússia, a
Tchetchênia usufrui de uma autonomia de fato desde a guerra contra os russos (1994-96), que deixou cerca de 40 mil mortos.
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