São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2000

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 Republicano se diz pronto para assumir a Presidência

 Equipe de Gore mantém o questionamento de resultados

O IMPÉRIO VOTA
Bush anuncia que já prepara governo

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Sem esperar o resultado final das eleições à Casa Branca, previsto para sair no próximo dia 17 no Estado da Flórida, o governador do Texas, George W. Bush, recebeu a imprensa em seu gabinete para dizer que já prepara um governo de transição para "assumir o governo em janeiro" e "unir a nação".
Dizendo ser o provável vencedor das eleições, Bush disse estar "pronto para assumir o cargo de presidente dos EUA e liderar o país".
Bush esforçou-se para parecer "presidencial", cercado de possíveis integrantes do primeiro escalão de seu eventual governo em meio a uma das maiores confusões eleitorais da história dos EUA.
Horas antes, o enviado especial de Bush à Flórida, o ex-secretário de Estado James Baker, fizera uma "declaração informal" anunciando a vitória de Bush.
Baker baseou-se em resultado informal e parcial, calculado pela agência de notícias "Associated Press", da recontagem de votos na Flórida, Estado que dará a palavra final no conturbado processo de sucessão de Bill Clinton.
A "Associated Press" deu a vitória a Bush por apenas 327 votos num universo de 6 milhões. Faltam ainda computar os votos enviados pelo correio (principalmente militares em missão fora do país), que chegarão à Flórida até a próxima sexta-feira.
"Bush ganhou em 31 Estados, com um total de 271 votos (são necessários 270 para um presidente ganhar as eleições no Colégio Eleitoral). O resultado na Flórida foi apertado, mas Bush foi o ganhador. Agora, três dias depois das eleições, os votos foram recontados... Ao fim dessa recontagem, o governador Bush ainda é o ganhador, resultado que depende apenas do cômputo das cédulas vindas do exterior, que tradicionalmente favorecem candidatos republicanos", afirmou Baker.
Ele fez ainda uma ameaça ao vice-presidente Al Gore, candidato democrata, que pediu uma recontagem manual na Flórida e não descartou a possibilidade de mover ação judicial para invalidar as eleições no condado de Palm Beach, onde milhares de eleitores de Gore teriam, equivocadamente, anulado seus votos ou votado no candidato do Partido da Reforma, Pat Buchanan, porque as cédulas usadas eram confusas.
Baker disse: "Parece que Gore quer prolongar indevidamente o processo eleitoral. É importante termos objetividade. O que ocorreria se decidirmos recontar votos em outros Estados, nos quais os resultados estão muito apertados -como, por exemplo, Wisconsin e Iowa?".
Por meio de William Daley, seu principal assessor na campanha, Gore atacou Baker, acusando-o de precipitação por ter anunciado Bush como vencedor antes do resultado oficial. "Declarações de vitória antes mesmo que os votos sejam tabulados não são apropriadas", disse Daley.
"Continuamos a explorar todas as possibilidades para reparar a injustiça dos eleitores de Palm Beach, que acreditam ter votado em Gore mas votaram em Buchanan."
Segundo Daley, três condados da Flórida já solicitaram a recontagem manual dos votos, a pedido dos democratas. "Temos de esperar os resultados. Estamos assistindo à democracia dos EUA em ação", afirmou.
Uma decisão judicial na Flórida já proibiu a divulgação do resultado oficial em Palm Beach até terça-feira, quando uma audiência será realizada.
Enquanto os assessores dos dois candidatos trocam acusações, os candidatos tentam transmitir serenidade.
Bush apareceu ontem cercado de prováveis secretários de seu eventual governo, como Lawrence Lindsey (Tesouro), Condollezza Rice (Estado) e Andy Card (chefia de Gabinete).
"Estamos discutindo assuntos econômicos e mundiais", disse Bush, negando-se a responder a perguntas sobre a confusão eleitoral.
Gore, por sua vez, se deixou filmar brincando com as filhas e amigos num gramado em Washington.


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