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Republicano se diz pronto para assumir a Presidência
Equipe de Gore mantém o questionamento de resultados
O IMPÉRIO VOTA
Bush anuncia que já prepara governo
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Sem esperar o resultado final
das eleições à Casa Branca, previsto para sair no próximo dia 17 no
Estado da Flórida, o governador
do Texas, George W. Bush, recebeu a imprensa em seu gabinete
para dizer que já prepara um governo de transição para "assumir
o governo em janeiro" e "unir a
nação".
Dizendo ser o provável vencedor das eleições, Bush disse estar
"pronto para assumir o cargo de
presidente dos EUA e liderar o
país".
Bush esforçou-se para parecer
"presidencial", cercado de possíveis integrantes do primeiro escalão de seu eventual governo em
meio a uma das maiores confusões eleitorais da história dos
EUA.
Horas antes, o enviado especial
de Bush à Flórida, o ex-secretário
de Estado James Baker, fizera
uma "declaração informal" anunciando a vitória de Bush.
Baker baseou-se em resultado
informal e parcial, calculado pela
agência de notícias "Associated
Press", da recontagem de votos na
Flórida, Estado que dará a palavra
final no conturbado processo de
sucessão de Bill Clinton.
A "Associated Press" deu a vitória a Bush por apenas 327 votos
num universo de 6 milhões. Faltam ainda computar os votos enviados pelo correio (principalmente militares em missão fora
do país), que chegarão à Flórida
até a próxima sexta-feira.
"Bush ganhou em 31 Estados,
com um total de 271 votos (são
necessários 270 para um presidente ganhar as eleições no Colégio Eleitoral). O resultado na Flórida foi apertado, mas Bush foi o
ganhador. Agora, três dias depois
das eleições, os votos foram recontados... Ao fim dessa recontagem, o governador Bush ainda é o
ganhador, resultado que depende
apenas do cômputo das cédulas
vindas do exterior, que tradicionalmente favorecem candidatos
republicanos", afirmou Baker.
Ele fez ainda uma ameaça ao vice-presidente Al Gore, candidato
democrata, que pediu uma recontagem manual na Flórida e não
descartou a possibilidade de mover ação judicial para invalidar as
eleições no condado de Palm
Beach, onde milhares de eleitores
de Gore teriam, equivocadamente, anulado seus votos ou votado
no candidato do Partido da Reforma, Pat Buchanan, porque as cédulas usadas eram confusas.
Baker disse: "Parece que Gore
quer prolongar indevidamente o
processo eleitoral. É importante
termos objetividade. O que ocorreria se decidirmos recontar votos
em outros Estados, nos quais os
resultados estão muito apertados
-como, por exemplo, Wisconsin
e Iowa?".
Por meio de William Daley, seu
principal assessor na campanha,
Gore atacou Baker, acusando-o
de precipitação por ter anunciado
Bush como vencedor antes do resultado oficial. "Declarações de
vitória antes mesmo que os votos
sejam tabulados não são apropriadas", disse Daley.
"Continuamos a explorar todas
as possibilidades para reparar a
injustiça dos eleitores de Palm
Beach, que acreditam ter votado
em Gore mas votaram em Buchanan."
Segundo Daley, três condados
da Flórida já solicitaram a recontagem manual dos votos, a pedido
dos democratas. "Temos de esperar os resultados. Estamos assistindo à democracia dos EUA em
ação", afirmou.
Uma decisão judicial na Flórida
já proibiu a divulgação do resultado oficial em Palm Beach até terça-feira, quando uma audiência
será realizada.
Enquanto os assessores dos dois
candidatos trocam acusações, os
candidatos tentam transmitir serenidade.
Bush apareceu ontem cercado
de prováveis secretários de seu
eventual governo, como Lawrence Lindsey (Tesouro), Condollezza Rice (Estado) e Andy Card
(chefia de Gabinete).
"Estamos discutindo assuntos
econômicos e mundiais", disse
Bush, negando-se a responder a
perguntas sobre a confusão eleitoral.
Gore, por sua vez, se deixou filmar brincando com as filhas e
amigos num gramado em Washington.
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