São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REINO UNIDO Relatos de ex-mordomo de Diana e alegações de ex-empregado de Charles estragam ano festivo da rainha Escândalos mancham jubileu de Elizabeth
DA REDAÇÃO O fantasma da princesa Diana e novas acusações contra pessoas ligadas à família real britânica voltaram a assombrar a casa de Windsor, tirando o brilho do ano do Jubileu de Ouro da rainha Elizabeth 2ª. George Smith, 42, ex-empregado do príncipe Charles, disse ao tablóide sensacionalista "The Mail on Sunday" que foi violentado sexualmente em 1989 por outro empregado real próximo do herdeiro da coroa britânica e que Charles tentou ocultar o caso. Assessores de Charles disseram que a alegação já havia sido investigada pela casa real e pela polícia e que não foram encontrados indícios suficientes para abrir uma investigação legal. Smith, ex-combatente da Guerra das Malvinas (1982), disse ao tablóide londrino que foi atacado aos 29 anos. Segundo o relato, ele foi convidado para um almoço na casa do suposto agressor e, após beber, foi violentado enquanto dormia no sofá pelo colega, não identificado publicamente. Segundo Smith, o colega depois tentou violentá-lo novamente durante viagem com Charles ao Egito. O acusado nega as alegações de Smith. "As alegações diferem substancialmente das feitas à polícia no ano passado e levantam grave suspeita sobre a sua confiabilidade", disse nota dos advogados do acusado. A acusação de Smith foi uma das alegações mais comentadas entre as que emergiram ao final do processo contra o ex-mordomo de Diana, Paul Burrell, acusado de furtar objetos da princesa após sua morte. O júri do caso ouviu que Diana guardou uma fita com a suposta vítima relatando a acusação. O escritório de Charles disse que Smith só relatou a acusação em 1996 e que ela foi investigada e nada foi encontrado. Em 2001, a acusação ressurgiu, foi investigada pela polícia e também encerrada por falta de provas. O ex-mordomo de Diana causou furor entre os tablóides britânicos após vender sua história ao "Daily Mirror", por US$ 620 mil. Enquanto o "Mirror" publicava na semana passada uma série de entrevistas com Burrell, descrito como íntegro e disposto a esclarecer sua história, os outros tablóides, preteridos por ele, o acusavam de oportunismo e relatavam casos de homossexualismo envolvendo o mordomo. Observadores monarquistas e republicanos concordam que o final do julgamento de Burrell estragou o ano de festa da rainha. "O caso mostra que a família real se considera acima da lei", disse o professor Stephen Haseler, do grupo antimonarquia Republic. Em 1992, a monarquia britânica sofreu o que a rainha chamou de "annus horribilis", após vários escândalos envolvendo o casamento de seus filhos e um incêndio no castelo de Windsor. "Estamos vendo uma reprise do "annus horribilis" ", disse Judy Wade, autora de livros sobre a realeza e correspondente da revista de fofocas "Hello!". O mordomo foi inocentado no início do mês da acusação de furtar mais de 300 objetos pessoais de Diana quando a rainha repentinamente recordou que ele os estava guardando com consentimento da família. "O glorioso verão de festas da rainha [pelo jubileu" tornou-se um horroroso inverno. O público tem memória curta", disse Wade. Após cinco anos de seu fatal acidente de carro em Paris, Diana ainda lança uma sombra enorme sobre a família real. Relatos de brigas dentro da família de Diana, batalhas com o establishment real e detalhes de seu casamento infeliz e sua tumultuada vida amorosa voltaram às primeiras páginas. "Ela ainda é a pessoa mais importante da família real", disse Wade, que lembra ironicamente que o julgamento de Burrell foi adiado justamente para não atrapalhar as celebrações do jubileu. A morte da muito popular rainha-mãe, em março, causou grande comoção, o que surpreendeu o Palácio de Buckingham. O público saiu em peso às ruas em junho para prestigiar as festas do 50º aniversário da chegada ao trono da rainha. Até os republicanos admitiram o sucesso real. "Eles tiveram um bom verão, sem dúvida. Mas agora voltamos à realidade", disse o republicano Haseler. Texto Anterior: Irã: Parlamento rejeita pena de morte a reformista Próximo Texto: Panorâmica - Venezuela: Explosões atingem opositores Índice |
|