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Greve geral acirra protesto grego
No 5º dia de manifestações, agitação convocada contra reforma econômica engrossa coro contra polícia
Policiais acusados pela morte de jovem, origem da série de tumultos que contaminaram o país, têm prisão preventiva decretada
DA REDAÇÃO
No quinto dia consecutivo de
protestos, a Grécia ontem parou numa greve geral de 24 horas. Originalmente convocada
como protesto contra reformas
econômicas almejadas pelo governo, a paralisação virou mais
uma agitação contra a polícia.
Na marcha por Atenas, cerca de
10 mil grevistas gritaram mais
slogans contra a tropa de choque do que palavras de ordem
de temática econômica.
"A participação na greve é total. O país ficou estático", declarou Stathis Anestis, porta-voz
da federação sindical organizadora do movimento. Vôos domésticos e internacionais ficaram no solo, bancos e escolas
permaneceram fechados e, nos
hospitais, só funcionaram os
serviços de emergência.
Alvo dos grevistas -e de grupos anarquistas, que os confrontaram desde sábado-,
membros da tropa de choque
tiveram trabalho em ao menos
três cidades ontem.
A despeito de um apelo do líder socialista de oposição
George Papandreou -"peço a
todos que mostrem responsabilidade, pelo fim da violência
que nosso país experimenta"-,
houve registro de choques em
Atenas, Salônica e Kavala.
Prisão
Na capital, os dois policiais
acusados pela morte do adolescente Alexis Grigorópulos, 15,
no sábado -estopim das manifestações que se espalharam
pelo país- tiveram ontem a
prisão preventiva decretada.
Autor dos disparos, Epaminontas Korkoneas, 37, apelidado de "Rambo" por seus companheiros de corporação, sustentou em interrogatório judicial que não mirou no adolescente. Seu advogado declarou
que "o relatório da balística
mostra que a morte foi causada
pelo ricochete de uma bala".
A família de Grigorópulos,
que foi atingido no peito, anunciou que contratará um especialista para examinar essa perícia, que não foi tornada pública e cujas conclusões não são
oficiais. No sábado, testemunhas relataram a TVs gregas terem visto o policial mirando no
jovem antes de disparar.
Korkoneas é acusado de homicídio doloso e uso ilegal de
arma. Seu parceiro, Vasilis Saraliotis, é acusado de cumplicidade no assassinato.
Reação estatal
O governo negou ontem que
planeje medidas de emergência
contra a escalada de violência,
conforme haviam denunciado
lideranças de oposição.
Impopular e com uma frágil
maioria no Parlamento, o premiê Costas Karamanlis apresentou um pacote de incentivo
aos comerciantes que tiveram
estabelecimentos danificados
nos protestos dos últimos dias.
"O governo está determinado
a promover a segurança e a ajudar negócios que sofreram danos", disse ele em mensagem
televisiva na qual anunciou
subsídios, empréstimos e isenção fiscal aos prejudicados.
A união comercial de Atenas
contabilizou 565 lojas gravemente danificadas na cidade e
estimou o prejuízo em 200
milhões (R$ 641,7 milhões).
Com agências internacionais
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