São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve geral acirra protesto grego

No 5º dia de manifestações, agitação convocada contra reforma econômica engrossa coro contra polícia

Policiais acusados pela morte de jovem, origem da série de tumultos que contaminaram o país, têm prisão preventiva decretada

DA REDAÇÃO

No quinto dia consecutivo de protestos, a Grécia ontem parou numa greve geral de 24 horas. Originalmente convocada como protesto contra reformas econômicas almejadas pelo governo, a paralisação virou mais uma agitação contra a polícia. Na marcha por Atenas, cerca de 10 mil grevistas gritaram mais slogans contra a tropa de choque do que palavras de ordem de temática econômica.
"A participação na greve é total. O país ficou estático", declarou Stathis Anestis, porta-voz da federação sindical organizadora do movimento. Vôos domésticos e internacionais ficaram no solo, bancos e escolas permaneceram fechados e, nos hospitais, só funcionaram os serviços de emergência.
Alvo dos grevistas -e de grupos anarquistas, que os confrontaram desde sábado-, membros da tropa de choque tiveram trabalho em ao menos três cidades ontem.
A despeito de um apelo do líder socialista de oposição George Papandreou -"peço a todos que mostrem responsabilidade, pelo fim da violência que nosso país experimenta"-, houve registro de choques em Atenas, Salônica e Kavala.

Prisão
Na capital, os dois policiais acusados pela morte do adolescente Alexis Grigorópulos, 15, no sábado -estopim das manifestações que se espalharam pelo país- tiveram ontem a prisão preventiva decretada.
Autor dos disparos, Epaminontas Korkoneas, 37, apelidado de "Rambo" por seus companheiros de corporação, sustentou em interrogatório judicial que não mirou no adolescente. Seu advogado declarou que "o relatório da balística mostra que a morte foi causada pelo ricochete de uma bala".
A família de Grigorópulos, que foi atingido no peito, anunciou que contratará um especialista para examinar essa perícia, que não foi tornada pública e cujas conclusões não são oficiais. No sábado, testemunhas relataram a TVs gregas terem visto o policial mirando no jovem antes de disparar.
Korkoneas é acusado de homicídio doloso e uso ilegal de arma. Seu parceiro, Vasilis Saraliotis, é acusado de cumplicidade no assassinato.

Reação estatal
O governo negou ontem que planeje medidas de emergência contra a escalada de violência, conforme haviam denunciado lideranças de oposição.
Impopular e com uma frágil maioria no Parlamento, o premiê Costas Karamanlis apresentou um pacote de incentivo aos comerciantes que tiveram estabelecimentos danificados nos protestos dos últimos dias.
"O governo está determinado a promover a segurança e a ajudar negócios que sofreram danos", disse ele em mensagem televisiva na qual anunciou subsídios, empréstimos e isenção fiscal aos prejudicados.
A união comercial de Atenas contabilizou 565 lojas gravemente danificadas na cidade e estimou o prejuízo em 200 milhões (R$ 641,7 milhões).


Com agências internacionais


Texto Anterior: Terror em Mumbai: Índia quer grupo islâmico em lista negra da ONU
Próximo Texto: Brasileira relata clima de medo em Atenas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.