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Embaixador tenta apaziguar, mas ministro equatoriano critica Brasil
Para diplomata, reuniões têm ajudado a acalmar conflito sobre dívida com BNDES
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O embaixador do Equador no
Brasil, Eduardo Mora Anda,
disse à Folha que a diplomacia
dos dois países vem atuando
nos bastidores para resolver o
conflito sobre a dívida equatoriana com o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e considerou o problema como "pontual" nas relações bilaterais.
"Acreditávamos que era um
problema da Odebrecht [empresa responsável pela construção da hidrelétrica San
Francisco, financiada pelo
BNDES] com o Estado do
Equador, não entre os dois governos", disse.
Segundo Mora Anda, já houve três reuniões bilaterais para
tratar do caso. "Essas reuniões
têm ajudado a acalmar e esclarecer", relatou.
Ele negou que o pedido de
arbitragem da Câmara de Comércio Internacional ponha
em risco o CCR (Convênio de
Crédito Recíproco), pelo qual
os bancos centrais sul-americanos garantem os financiamentos internacionais.
"Não estamos nos afastando
do sistema do CCR. O que pedimos é que os agentes de Banco
Central, assessores jurídicos
revisem o assunto para esclarecer tudo", disse.
O ministro de Segurança do
Equador, Gustavo Larrea, em
entrevista à TV equatoriana,
foi mais duro e criticou o chanceler Celso Amorim por alertar
que o episódio pode levar à restrição de crédito ao Equador.
"Lamento que o chanceler do
Brasil faça esse tipo de afirmação. Nosso Estado soberano
tem todo o direito de ir à arbitragem quando considerar que
um contrato afeta o interesse
nacional", disse.
"Se um país condiciona suas
fontes de financiamento a que
o Equador não tenha o direito
de reclamar seus interesses,
não nos interessa o financiamento. Essa é uma prática política condenável", completou.
Pivô da crise, a Odebrecht,
que teve seus contratos no
Equador rescindidos, não descarta voltar a atuar no país.
"Interpretamos que a situação é uma questão pontual. Seguimos firme com nossa estratégia na América Latina. Não
descartamos a possibilidade de
uma volta ao diálogo com o
Equador", afirmou à Folha o
vice-presidente para América
Latina da empresa, Luis Antonio Maneri.
Para convencer Quito, a Odebrecht vai reforçar os 21 anos
de trabalho no país e o fato de a
hidrelétrica de San Francisco
já estar funcionando novamente, após a paralisação de junho.
"Se fosse um problema grave
como diziam, levaria muito
mais tempo [para consertar]."
Indagado sobre as suspeitas
de corrupção levantadas pelo
governo do Equador, Maneri
disse: "Estamos esperando as
provas. Há meses".
Com a France Presse
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