São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Índice

Embaixador tenta apaziguar, mas ministro equatoriano critica Brasil

Para diplomata, reuniões têm ajudado a acalmar conflito sobre dívida com BNDES

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O embaixador do Equador no Brasil, Eduardo Mora Anda, disse à Folha que a diplomacia dos dois países vem atuando nos bastidores para resolver o conflito sobre a dívida equatoriana com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e considerou o problema como "pontual" nas relações bilaterais.
"Acreditávamos que era um problema da Odebrecht [empresa responsável pela construção da hidrelétrica San Francisco, financiada pelo BNDES] com o Estado do Equador, não entre os dois governos", disse.
Segundo Mora Anda, já houve três reuniões bilaterais para tratar do caso. "Essas reuniões têm ajudado a acalmar e esclarecer", relatou.
Ele negou que o pedido de arbitragem da Câmara de Comércio Internacional ponha em risco o CCR (Convênio de Crédito Recíproco), pelo qual os bancos centrais sul-americanos garantem os financiamentos internacionais.
"Não estamos nos afastando do sistema do CCR. O que pedimos é que os agentes de Banco Central, assessores jurídicos revisem o assunto para esclarecer tudo", disse.
O ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, em entrevista à TV equatoriana, foi mais duro e criticou o chanceler Celso Amorim por alertar que o episódio pode levar à restrição de crédito ao Equador.
"Lamento que o chanceler do Brasil faça esse tipo de afirmação. Nosso Estado soberano tem todo o direito de ir à arbitragem quando considerar que um contrato afeta o interesse nacional", disse.
"Se um país condiciona suas fontes de financiamento a que o Equador não tenha o direito de reclamar seus interesses, não nos interessa o financiamento. Essa é uma prática política condenável", completou.
Pivô da crise, a Odebrecht, que teve seus contratos no Equador rescindidos, não descarta voltar a atuar no país.
"Interpretamos que a situação é uma questão pontual. Seguimos firme com nossa estratégia na América Latina. Não descartamos a possibilidade de uma volta ao diálogo com o Equador", afirmou à Folha o vice-presidente para América Latina da empresa, Luis Antonio Maneri.
Para convencer Quito, a Odebrecht vai reforçar os 21 anos de trabalho no país e o fato de a hidrelétrica de San Francisco já estar funcionando novamente, após a paralisação de junho. "Se fosse um problema grave como diziam, levaria muito mais tempo [para consertar]."
Indagado sobre as suspeitas de corrupção levantadas pelo governo do Equador, Maneri disse: "Estamos esperando as provas. Há meses".


Com a France Presse


Texto Anterior: Nobel da Paz iraniana prega universalidade dos direitos humanos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.