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Para produtores, Estado é o maior latifundiário
DA REDAÇÃO
A Confederação Nacional de
Associações de Produtores Agropecuários da Venezuela, a Fedeagro, criticou ontem a iniciativa de
reforma agrária do presidente
Hugo Chávez e disse que é o Estado, e não produtores privados, o
maior latifundiário do país.
"O governo declarou guerra a si
mesmo", disse à Folha José Manuel González de Tovar, presidente da Fedeagro, em referência
à afirmação de Chávez de que seu
governo abriu uma "guerra contra o latifúndio".
"O Estado venezuelano possui
cerca de 10,5 milhões de hectares,
dos quais se estima que apenas
um milhão seja produtivo", disse.
"Se o Estado tem 9 milhões de
hectares improdutivos, tem aí a
ferramenta necessária para dar
solução ao problema de demanda
de terra que conhecemos em diferentes zonas do país", disse.
Para Tovar, se há terras improdutivas, é devido à falta de uma
política agrícola. "Não houve uma
no passado nem há uma no presente. Aqui há políticas agrícolas
desenvolvidas conforme a vontade dos ministros de turno, são políticas populistas, e não estratégicas, que não dão resultados nem
imediatos nem a longo prazo."
A conseqüência, segundo o dirigente, é a queda constante na produção agrícola do país. O crescimento estimado para 2004 é zero,
com as importações de alimentos
chegando a US$ 3 bilhões. "O tema agrícola é um a que o presidente Chávez tem dedicado muito discurso, o que não significa
que obteve resultados", disse.
Tovar criticou ainda a proposta
pela falta de parâmetros para definir que terras são ociosas. "Como
não foi regulamentada a Lei de
Terras, não há critérios. Os critérios serão definidos pelos funcionários de turno."
Além disso, Tovar disse que o
governo Chávez desconhece a situação nos três milhões de hectares já dados a camponeses.
(CVN)
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