São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

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Para produtores, Estado é o maior latifundiário

DA REDAÇÃO

A Confederação Nacional de Associações de Produtores Agropecuários da Venezuela, a Fedeagro, criticou ontem a iniciativa de reforma agrária do presidente Hugo Chávez e disse que é o Estado, e não produtores privados, o maior latifundiário do país.
"O governo declarou guerra a si mesmo", disse à Folha José Manuel González de Tovar, presidente da Fedeagro, em referência à afirmação de Chávez de que seu governo abriu uma "guerra contra o latifúndio".
"O Estado venezuelano possui cerca de 10,5 milhões de hectares, dos quais se estima que apenas um milhão seja produtivo", disse. "Se o Estado tem 9 milhões de hectares improdutivos, tem aí a ferramenta necessária para dar solução ao problema de demanda de terra que conhecemos em diferentes zonas do país", disse.
Para Tovar, se há terras improdutivas, é devido à falta de uma política agrícola. "Não houve uma no passado nem há uma no presente. Aqui há políticas agrícolas desenvolvidas conforme a vontade dos ministros de turno, são políticas populistas, e não estratégicas, que não dão resultados nem imediatos nem a longo prazo."
A conseqüência, segundo o dirigente, é a queda constante na produção agrícola do país. O crescimento estimado para 2004 é zero, com as importações de alimentos chegando a US$ 3 bilhões. "O tema agrícola é um a que o presidente Chávez tem dedicado muito discurso, o que não significa que obteve resultados", disse.
Tovar criticou ainda a proposta pela falta de parâmetros para definir que terras são ociosas. "Como não foi regulamentada a Lei de Terras, não há critérios. Os critérios serão definidos pelos funcionários de turno."
Além disso, Tovar disse que o governo Chávez desconhece a situação nos três milhões de hectares já dados a camponeses. (CVN)

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